Publicado em 23/08/2023, às 14h52 - Atualizado em 24/08/2023, às 07h33 por Ketlyn Ribeiro, Estagiária | Filha de Leandra e Vagne
Vídeos de um novo “desafio” problemático estão ganhando força nas redes sociais, e fazendo sucesso entre os pais – mesmo não tendo a menor graça. Na dinâmica, os pais se gravam cozinhando com os filhos e, em um certo momento, eles quebram um ovo na cabeça da criança e gravam a reação dela (que geralmente é chorar, enquanto o adulto responsável cai na gargalhada). Mas, o que para alguns pode parecer apenas uma simples brincadeira em família, é, na verdade, uma péssima atitude.
Além do susto e da dor que o movimento pode causar, o ‘desafio do ovo’ pode gerar impactos na relação entre pais e filhos e até mesmo ser prejudicial para o futuro da criança, por consequências psicológicas.
Enquanto pai de Gianluca e Stefano, o palestrante, colunista e embaixador da Pais&Filhos Beto Bigatti contou que ficou perplexo ao ver os vídeos viralizarem e a quantidade de curtidas eles conseguiram alcançar. “Muitos vídeos mostram a criança super assustada e logo em seguida se obrigando a rir porque sua mãeou pai estavam rindo. Ou seja, a criança é levada a crer que está tudo bem. Humilhar e machucar é tranquilo. Ela ri para não desagradar os pais”, opina.
A psicóloga Vanessa Abdo, que é mãe de Laura e Rafael, explica que rir da criançanesta situação pode banalizar e desqualificar o que ela está sentindo. “Em qualquer situação que ela esteja sofrendo, o adulto deveria ser quem protege e acolhe, portanto, quando o responsável ri, desqualifica de novo. Por isso ela pode passar a ter dificuldade em expressar os sentimentos futuros.
Além disso, a questão da exposição da criança em uma situação de vulnerabilidade publicada nas redes sociais, na visão da especialista, também é algo problemático, já que não se sabe como ela vai reagir ao ter uma situação privada indo à público. “Apesar de serem somente crianças, após algo ir para a internet não temos controle das consequências. Ao realizar a publicação, você perpetua o constrangimento e ainda pode gerar casos de bullying, assédio”, exemplifica.
Um simples exercício de empatia já resolveria o problema. Se trocarmos os personagens e imaginarmos que essa história foi protagonizada entre adultos, é fácil perceber o quanto essa “brincadeira” é inadequada. Um deles ficaria envergonhado, se sentindo diminuído e dificilmente voltaria a confiar no outro de novo.
Para Beto, não faz sentido ter essa atitude e querer que o filho se sinta seguro com os pais. “Vai minando aos poucos a confiança. Porque se meu paie minha mãe, as pessoas em que eu confio com toda a pureza de uma criança, abusam dessa confiança para me machucar e depois rir de mim, que confiança eu posso manter com o tempo?”, questiona.
Vanessa acrescenta que com ‘desafio do ovo’ o filho pode se sentir traído, uma vez que pessoas que deveriam cuidar dele incentivam situações constrangedoras. Ela ainda exemplifica esse sentimento, trazendo para momentos do nosso cotidiano. ”Que tipo de relação é essa que a gente acha que a gente pode ter com criança, já que não permitimos que um adulto faça isso? Imagina você numa sala de reunião, chega um colega na sala e quebra um ovo na sua cabeça e além de ficar rindo, ele posta [na internet]”.
A psicoterapeuta Helen Mavichian, mãe de João e Pedro, completa explicando que essa atitude também pode acarretar em sentimentos de humilhação na criança, falta de respeito dos limites, impacto na comunicação, modelagem de comportamento inadequado e influência no desenvolvimento. Ela frisa que só é uma brincadeiraquando agrada as duas partes envolvidas. Caso a criança se demonstre insatisfeita, já não é mais hora da diversão.
Em meio a tantos desafios virais na internet, às vezes pode ser difícil ter um parâmetro do que é saudável ou não na hora da diversão, por isso, Beto conta até onde acredita que vai o limite de uma brincadeira. “Nenhuma brincadeira pode passar nem perto de humilhar seu filho. Este, para mim, é o primeiro item a respeitar. Além disso, qualquer brincadeira está inserida no contexto de parentalidade. Faz parte, junto com afeto, limites e tantos outros aspectos, do cotidiano da educação dos filhos. A brincadeira precisa fazer sentido para todos. Nunca deve incluir opressão, humilhação ou machucar alguém. E isso é o óbvio, mas o cenário dessa ‘trend’ me faz pensar que o óbvio precisa ser repetido”.
Após ter esse tipo de atitude, ainda assim é possível reverter a situação e melhorar a relação com os filhos, no entanto, a Helen explica que mudanças serão necessárias. “Isso é uma questão de empatia e, para reverter essa situação, é necessário adquirir essa compreensão. É possível tentar reverter o sentimento causado na criança, a partir de novos comportamentos”, pondera.
Ela ainda reconhece que o que já foi feito não tem volta, mas é possível, através de um pedido de desculpas, acolhimento e novos comportamentos tentar reparar os possíveis danos causados na vida daquela criança. “Para melhorar a sua relação com o seu filho, você precisa ser empático, demonstrar carinho em suas falas e ações e ser uma figura de segurança e confiança para sua criança”, finaliza.
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