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Pai fala sobre licença-paternidade estendida: “Deixar minha esposa sozinha nessa fase é impensável”

A licença-paternidade é um direito concedido desde 1988 - Shutterstock
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Publicado em 07/08/2021, às 05h38 por Cecilia Malavolta, filha de Iêda e Afonso


No Brasil, a licença-paternidade é um direito concedido pela Constituição Federal desde 1988. Com ela, o pai tem direito a cinco dias corridos em casa após o nascimento do bebê. A teoria dá a entender que o pai precisa apenas desse tempo para conseguir se encaixar na nova rotina com o filho, mas, na prática, as coisas são bem diferentes.

“A minha filha nasceu em uma quarta-feira, dia 10. Imagina eu ter que voltar ao trabalho na segunda-feira seguinte? É inimaginável”. Pai de Marina, de seis meses, André Maranhão faz parte do grupo (escasso) de homens que puderam estar presentes por mais tempo após o nascimento do filho. Trabalhando no time de parcerias do Instagram, no Facebook, André tirou uma licença-paternidade de 4 meses para estar ao lado da família.

A vida com um recém-nascido não é linear – principalmente quando o assunto é salto de desenvolvimento. Esse fator pode tornar as noites e dias dessa nova família ainda mais puxados. “Quando o bebê completa duas semanas de vida as coisas ficam pesadas. Imaginar que eu teria que deixar a minha esposa sozinha durante esse momento é algo impensável”, conta.

Carol e André estão juntos há 13 anos e estão casados há seis. A paternidade para ele foi uma ideia construída e veio com o passar do tempo: “Eu tinha um pouco de dúvida sobre o assunto. Tinha essa questão meio filosófica sobre colocar um filho no mundo do jeito que ele está, mas conversando com a minha esposa ela disse que achava isso importante para a nossa experiência de vida e para completar nossa vivência juntos”.

A licença-paternidade é um direito concedido desde 1988 (Foto: Shutterstock)

Para conseguir estar 100% presente ao lado de Carol e se adaptar à chegada de Marina, e ainda assim conciliar a volta da esposa ao trabalho meses depois, com o fim da licença-maternidade, André decidiu dividir seu tempo de afastamento do trabalho. Dedicou-se em tempo integral à paternidade por dois meses seguidos sem precisar dividir a atenção das demandas de casa e da filha com outra coisa. Agora, em setembro, ele retoma a licença-paternidade até novembro enquanto a esposa retorna à rotina.

Licença-paternidade e rede de apoio

Com o contexto trabalho-pandemia, a licença-paternidade estendida de André ajudou (e muito) o casal a seguir os planos de adiar ao máximo a necessidade de colocar a filha em uma creche ou escolinha, “e até de ter uma babá em casa nos ajudando para não expor nem ela, nem a gente”. A rede de apoio do casal é menor porque os dois vivem longe das famílias, o que torna o tempo a mais em casa voltado 100% à Marina de extrema importância.

“A Carol também trabalha e agora em agosto termina a licença dela. Então eu volto com a minha e fico full time com a Marina enquanto ela trabalha para que ela tenha mais tranquilidade em se readaptar”, ele explica. O que também ajuda – e muito – André a descobrir a paternidade é o home office. “O fato de eu estar trabalhando de casa me possibilita acompanhar muita coisa que eu provavelmente não veria se não estivesse aqui”.

André já trabalhou em outras empresas e já havia escutado sobre a licença-paternidade estendida – com duração de quatro meses ao invés de cinco dias corridos. Quando passou a trabalhar no Facebook, ele conta que ficou muito surpreso com muitas coisas da empresa. “Com a licença não foi diferente. A gente não colocou o período de afastamento na balança para seguir com a decisão de ter um filho ou não, mas era uma coisa que a gente conversava a respeito”, conta.

A paternidade de André nasceu com o privilégio de uma licença-paternidade estendida, algo que está fora do alcance de vários brasileiros. “Sei que essa não é a realidade de muitas famílias, mas esse é um período muito difícil. Não consigo pensar em um momento como esse sem ter esse tempo a mais para estar junto”. Enquanto isso, diversos homens lutam por um afastamento como o de André.

“Com o passar dos dois primeiros meses, eu tive a sensação de que uma licença-paternidade comum é incomparável. Fico surpreso que ainda não exista isso de forma tão ampla”. André reforça a importância desse período em casa ao lado da família lembrando que os primeiros meses de vida de um recém-nascido não são fáceis. O término da dispensa de Carol chega ao mesmo tempo em que Marina completa seis meses e, com isso, passa a entender que existe um mundo entre ela e a mãe. Para André, essa é a possibilidade de aumentar ainda mais o vínculo entre os dois. “Vai ser muito divertido e, ao mesmo tempo, muito desafiador”.

A licença-paternidade estendida fez toda a diferença na hora de adaptar a nova rotina com a filha (Foto: Shutterstock)

Cuidar do filho não é ajudar, é fazer o seu papel

Ter um filho exige que tanto o pai quanto a mãe se preparem para receber o bebê que vem ao mundo. E, para André, uma parte muito importante dessa organização foi praticar constantemente o entendimento de que o papel de pai não é ajudar – mas, na verdade, fazer a parte dele. “A gente ainda vive em uma sociedade muito machista e patriarcal que tem essa ideia de que filho é problema da mãe”, conta.

Enquanto o mundo da filha ainda é o colo da mãe, André realiza todas as tarefas que estão ao seu alcance para criar a filha e fazer a parte dele. “Às vezes o meu colo não era suficiente para acalmar,  mas fiquei responsável por alguns ‘departamentos’, como dar banho. Sempre coloco a Marina para dormir, tanto à noite quanto durante o dia e durante os primeiros meses dela eu me mudei para o quarto que montamos para ela para supervisionar”.

Pronto para retornar à rotina 100% dedicado à filha, André reflete tranquilo sobre seu papel e o privilégio de poder estar ao lado de Marina em uma fase cheia de descobertas para ela. E, como quem tem filho tem fé, a chegada dela fez com que ele também quisesse um mundo melhor para a menina. “Família é o centro, é o ponto de onde você sai para onde você volta. Esse é um laço que não tem como cortar por mais distante que a gente esteja. Eu não tenho nenhuma preocupação da Marina ir para o mundo porque ela tem um lugar para voltar. Quando ela precisar e quiser, ela saberá que nós estamos aqui para ela”, finaliza.


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