Publicado em 02/10/2020, às 12h37 - Atualizado em 13/01/2021, às 08h58 por Taís e Roberta Bento
Um dos aprendizados que vamos levar deste ano é o quanto “professora” e “criança” são palavras que se completam. Sem dúvida, que sempre soubemos da importância que um professor tem na vida de nossos filhos. E do quanto a valorização de que tanto falamos, mas tão pouco praticamos, está para lá de atrasada por aqui. Só que este ano, o mês de outubro tem um gostinho a mais. Mesmo que celebrar o dia do Professor e comemorar o Dia da Criança tenha sido sempre um enorme prazer, há um sabor especial em 2020.
Talvez nunca tenha sido coincidência a comemoração dessas duas datas em um mesmo mês. Quem sabe o destino já estivesse sinalizando e nós não tenhamos parado para pensar sobre isso. E agora é impossível “desenxergar” o que saltou aos nossos olhos, ouvidos e coração: as crianças e suas professoras formam uma parceria que torna a vida de cada pessoa muito melhor.
Não só a das crianças e das professoras, mas especialmente a nossa, dos pais e responsáveis. Ao contrário do que vimos com tristeza em algumas postagens, não foi um susto para os pais ficar tanto tempo com os próprios filhos. Não é verdade que as famílias não conheciam suas crianças, tampouco que não sabem como lidar com seus próprios filhos.
A realidade é que as crianças que ficaram em casa, por tanto tempo, sem poder ir para a escola e abraçar suas professoras são outras crianças. Somos o resultado das relações que construímos, das conversas que temos, das palavras que ouvimos e do afeto que recebemos. E nenhuma relação, palavra ou afeto substitui outro.
Ficou um vazio enorme no coração e na mente das crianças quando tiveram que passar tanto tempo longe dos seus professores. Um buraco impossível de ser descrito. Uma lacuna com a medida exata da segurança, dos ensinamentos, do carinho que a professora consegue passar, e mais ninguém.
Quantas mensagens recebemos de famílias que estavam fazendo de tudo, sendo a melhor mãe, o melhor pai, a melhor cuidadora que uma criança pode ter. E ainda assim, depois de algumas semanas, surgiu o choro sem explicação e a tristeza sem precedente.
Se até mesmo para os adultos mais equilibrados, entender a mistura de sentimentos foi difícil, é de se esperar que as crianças não consigam entender, nem elas mesmas, de onde vem tanto sentimento novo e confuso. Mas nós podemos fazer uma aposta, sem a mínima chance de errar: a saudade daquela professora, a quem, teoricamente, mal tiveram tempo de se apegar, bateu forte.
Esse mês de outubro merece um verso novo na canção de Abdullah e Cacá Moraes: “Criança sem professora, sou eu, assim sem você”!
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