De acordo com informações do O Globo, as agressões já haviam sido relatadas pelas mães das crianças ao delegado Henrique Damasceno, titular da 16ª DP na Barra da Tijuca, durante a investigação que apura a morte do menino Henry, de 4 anos.
A mãe da menina de 13 anos, que a filha da cabeleira foi uma das primeiras mulheres que tiveram relação com Jairinho. A garota disse que o médico chegou a bater a cabeça dela contra a parede de um box de banheiro e foi pisada por ele nos fundos de uma piscina para que não conseguisse levantar e respirar.
Durante a apuração, a avó da menina chegou a ser ouvida e disse que questionou Jairinho sobre um machucado que viu na neta. Na época, o médico teria afirmado que o ferimento foi provocado por uma batida no console do carro após uma brusca freada. Em outra ocasião, ela disse que viu a neta com um braço imobilizado e o padrasto afirmou que a lesão havia sido provocada durante as aulas de judô. O professor, no entanto, negou ter saber do episódio.
Já a mãe do menino de 8 anos, relembrou o momento em que Jairinho afirmou que o garoto havia torcido o joelho, quando os dois estavam sozinho. A mãe levou o filho ao hospital e lá os médicos constataram que ele tinha sofrido uma fratura no fêmur.
Ao ser preso no dia 8 de abril, Jairinho prestou depoimento ao delegado Adriano Marcelo Firmo França, titular da DCAV, e negou as acusações feitas pela ex-namorada. Ao ser questionado pela filha da cabeleireira, ele afirmou ter uma relação “amistosa”, sem “grau de intimidade” e negou ser autor das agressões.
Mãe de Henry muda versão e relata agressões de Jairinho em carta
Em uma carta de 29 páginas, a mãe do menino Henry Borel, Monique Medeiros, diz que já foi agredida e ameaçada por Jairinho. O relato sobre o relacionamento abusivo, segundo a professora, foi divulgado pelo Fantástico neste último Domingo, 25 de abril.
As declarações foram reunidas pela defesa de Monique, que tentou convencer a polícia a ouvi-la novamente nas investigações do caso, mas não tiveram sucesso. Diferentemente do depoimento prestado na 16ª DP, Barra da Tijuca, há mais de 30 dias, a professora contou agora que foi enforcada e obrigada a tomar medicamentos.
Na carta, Monique admite que mentiu no depoimento à polícia e conta uma nova versão sobre o caso Henry, que foi agredido por Jairinho, segundo a investigação, e sobre o dia em que o menino foi assassinado. A nova versão é diferente do que Monique disse aos investigadores, 10 dias após a morte do filho.
Veja abaixo os principais trechos da carta da mãe de Henry:
“Eu estou sofrendo muito. Não há um dia que eu não chore pela morte do meu filho”
“Não mereço estar sendo condenada por um crime que eu não cometi. Nunca acobertei maldade ou crueldade em relação ao Henry”
“Nunca encostei um dedo nele, nunca bati no meu filho, eu fui a melhor mãe que ele poderia ter tido”.
“Eu não sabia, mas estava sendo manipulada durante todo o tempo”
“Meus pais são pessoas boas (…) temo pela vida deles”
“Eu tentava a todo custo me afastar e me desvincular dele (Jairinho), mas fui diversas vezes ameaçada, e minha família também”.
“Jairinho começou me pedindo para apagar muitas fotos do meu Instagram”
“Depois ele começou a pedir que eu parasse de responder mensagens de amigos homens”
“Depois ele começou a pedir que eu bloqueasse esses amigos”
“Ele (Jairinho) me ligava por dia pelo menos umas 20 vezes, colocou localizador no meu telefone e sempre pedia que eu mandasse foto”
“Jairinho começou a ter ciúme de eu ir na academia e até colocou gente para me seguir e tirar foto de mim malhando para saber com qual roupa eu estava indo treinar”
“Daí os ciúmes foram só piorando… e ele começou a ter muito do Leniel [ex-marido de Monique e pai de Henry]”
“Passei a ter crises de ansiedade com tantas cobranças e picos de pressão e ele começou a me receitar ansiolítico e remédio pra dormir (rivotril de 2mg e patz)
“Lembro de ser acordada no meio da madrugada, sendo enforcada enquanto eu dormia na cama ao lado do meu filho”
“Leniel disse que não queria que Jairinho desse abraços no Henry, porque ele tinha reclamado que o tio tinha dado um abraço muito forte e que tinha apertado ele demais”.
“Henry veio correndo até a cozinha uns 15 minutos depois que Jairinho chegou, dizendo que o tio tinha dado uma ‘banda’ nele e uma ‘moca’. Fui até a sala perguntar o que tinha acontecido e Jairinho disse que ele era um ‘bobalhão’, que segurou ele pelos braços brincando e passou a perna, mas que Henry nem caiu, pois ele estava segurando-o, aí Henry disse pra ele que ia contar pra mim e ele deu uma ‘moca’ brincando”.
“Comecei a notar que nas minhas taças de vinho, sempre havia um ‘pozinho’ branco no fundo (…) Um dia fui ao banheiro e quando voltei, peguei ele macerando um comprimido dentro da minha taça”.
“Quando fui sair ele tinha trancado as portas e escondido as chaves pra eu não sair. (…) Ele tomou meu celular da minha bolsa, me segurou bem forte pelos braços e me jogou no sofá, dizendo que eu não ia a lugar nenhum. Eu saí correndo para o quarto pra me trancar e ele veio correndo atrás, me pegou com mais força e me jogou na cama”.
“Ele deu uma joelhada na parede e começou a gritar dizendo que tinha sido eu (…) O médico perguntou a ele como ele tinha se machucado e ele mentiu, dizendo que tinha caído. Após esse dia, eu disse que iria embora, que ele era muito instável”.
“Falei que iria embora de novo, que não aguentava mais tanta humilhação e fui pegar minhas malas. Foi quando ele teve uma crise e começou a chutar minhas malas na sala, tomou minha bolsa e escondeu”.
“Corri para o quarto de hóspedes e me tranquei lá. (…) Ele começou a bater na porta, esmurrar a porta, gritar, xingar, até que ele arrombou a fechadura e conseguiu entrar no quarto e começou a gritar comigo, dizendo que só ia parar se eu tomasse remédio e fosse dormir no nosso quarto”
“Preciso prestar novo depoimento, pois fui orientada a mentir sobre a noite da morte do meu filho. Fui treinada por dias para contar uma versão mentirosa por me convencerem de que eu não teria como pagar por um advogado de defesa e que eu deveria proteger o Jairinho, já que ele se diz inocente”
“Só pude entender o relacionamento que eu estava vivendo quando fui presa e a maior perda e a maior pena que eu poderia ter em minha vida foi a morte o meu filho amado, Henry”.
“(Jairinho) ligou a televisão num canal qualquer, baixinho, ligou o ar condicionado, me deu 2 medicamentos que estava acostumado a me dar (…). Logo eu adormeci, acho que nem chegamos a conversar. De madrugada, ele me acordou, dizendo pra eu ir até o quarto, que ele pegou o Henry do chão, o colocou na cama e que meu filho estava respirando mal”.
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