Publicado em 05/11/2021, às 07h58 - Atualizado às 08h27 por Sandra Lacerda, filha de Sandra e José Leonardo
Foi encontrado um fóssil que corresponde ao de uma criança, presente no local já há pelo menos 250 mil anos, em um complexo de cavernas na África do Sul, conhecido como Rising Star. Com base na dentição, os especialistas acreditam que a criança tinha entre 4 a 6 anos de idade quando morreu e era da espécie Homo naledi. O sexo da criança não foi definido.
A descoberta foi divulgada na quinta-feira, 4 de novembro, pela Universidade Wits, na África. Encontrar o fóssil significa um avanço nas pesquisas em relação à Homo naledi, espécie hominídea da Idade da Pedra, com estatura bem menor do que a dos homens modernos. Os primeiros registros desses indivíduos primitivos foram achados em 2015, em uma região denominada “Berço da Humanidade”, nos arredores de Joanesbursgo.
Essa primeira descoberta mudou a compreensão da evolução humana que a comunidade científica aceitava até então, indicando que os Homo sapiens provavelmente coabitaram a Terra com outras espécies semelhantes, que antes nos eram desconhecidas.
Os resultados das buscas e pesquisas foram publicados em dois artigos do periódico PaleoAnthropology. O crânio da criança foi visto sem nenhuma outra parte corporal por perto, em uma passagem estreita de 15 centímetros de largura e 80 centímetros de comprimento. “Esse foi um dos sítios com fósseis de hominídeos mais desafiadores ao qual tivemos que chegar em Rising Star”, comenta, em nota, Marina Elliott, que esteve nas escavações.
A expedição ainda recuperou 28 fragmentos de crânio e 6 dentes, em uma parte bem mais estreita. Eles estavam em uma parte ainda mais profunda da caverna, a 12 metros da primeira descoberta, em meio a fendas que obrigaram os pesquisadores a se apertarem entre as pedras. “Ao juntarmos o crânio, vimos que não havia partes repetidas e que muitos trechos se encaixavam, indicando que todos eram de uma única criança”, analisa o paleoantropólogo Darryl de Ruiter.
Por causa da distância entre a criança e os outros ossos encontrados na caverna, os pesquisadores deram à ela o nome de Leti, em referência à palavra “letimela” que significa “o perdido” em Tswana, lingua oficial da Botswana, de origem sul-africana. O grupo internacional de 21 pesquisadores estima que o volume do cérebro de Leti era de 480 a 610 centímetros cúbicos, o que corresponde a 90-95% do tamanho na fase adulta.
A equipe de cientistas ainda investiga a localização remota do fóssil. Eles especulam que outros membros da comunidade de Leti tenham deixado seu crânio lá após algum ritual pós-morte, destacando também que esse costume explicaria a localização de outros esqueletos da espécie Homo naledi no local. “É mais um enigma entre os vários que rodeiam esse fascinante parente humano já extinto”, diz o pesquisador Lee Berger.
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