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Indígenas criam livro didático que ensina língua tupi-guarani para crianças em aldeia

Os próprios indígenas criaram o material didático - Reprodução/Guaciane Gomes/Progresso
Reprodução/Guaciane Gomes/Progresso

Publicado em 13/12/2021, às 13h13 por Redação Pais&Filhos


Três professores de uma aldeia indígena em Peruíbe, São Paulo, tiveram a iniciativa de fazer livros didáticos que ensinam a língua tupi-guarani. O intuito da iniciativa é reforçar as origens principalmente em crianças da aldeia, que infelizmente não possuem materiais que contenham a língua nativa.

De acordo com Guaciane Gomes, uma das lideranças da aldeia Tapirema, em Peruíbe, a falta de materiais para ensinar os mais novos dificulta não apenas o aprendizado, mas também a aproximação das crianças com a cultura. Guaciane, que é professora há 9 anos, decidiu criar o livro didático em parceria com a professora Karen Villanova.

A obra foi feita por 3 professores sendo eles 2 indígenas e 1 não (Karen). Ela conheceu a aldeia Tapirema durante a produção de um documentário. Em meio à gravação do longa-metragem, Karen ouviu uma das educadoras se queixarem sobre a falta de material didático em tupi-guaraniem escolas indígenas.

Os próprios indígenas criaram o material didático
Os próprios indígenas criaram o material didático (Foto: Reprodução/Guaciane Gomes/Progresso)

“Eu estava fazendo mestrado em educação, estudando questões inter geracionais, sobre a troca de conhecimento entre pessoas mais jovens e mais velhas. Foi a minha primeira experiência com um coletivo indígena, sempre digo para eles que eles mudaram a minha vida”, disse Karen.

Guaciane contou que o material começou a ser construído no final de 2019. Cada detalhe foi cuidadosamente pensado pelas integrantes da comunidade. “Nós ficamos uma semana produzindo o livro. A Catarina, que é professora e anciã da aldeia, ajudou bastante na tradução. A Fabíola [educadora indígena] e o Mimby, que fez o grafismo, também ajudaram na construção desse material”, disse a professora.

A liderança da aldeia confirmou que não é fácil ensinar as crianças pela falta de materiais na língua tupi-guarani. “A gente que tem que produzir os nossos conteúdos. Eu planejo minha aula e faço as atividades relativas à língua materna, então, esse livro surgiu não só para ajudar a minha sala de aula, mas para todos os alunos da rede que aprendem tupi-guarani”, salientou Guaciane.

Em entrevista ao portal G1, Guaciane relatou que em 2017 foi elaborado um livro de gramática na aldeia Piaçaguera, que também fica em Peruíbe. Apesar do material ter ajudado os profissionais, foi necessário criar um material direcionado à alfabetização das crianças.

Os professores criaram atividades em tupi-guarani
Os professores criaram atividades em tupi-guarani (Foto: Reprodução/Guaciane Gomes/Progresso)

“Para nós, foi um ponto positivo, porque, até então, a gente escrevia como achávamos que era, e o livro ajudou as crianças a entenderem melhor as nossas palavras”, comentou. O livro é direcionado a crianças em processo de alfabetização, e conta com atividades baseadas na cultura indígena.

“O livro foi baseado em alguns elementos que a gente usa muito, como o cachimbo. Ele conta com pequenas histórias sobre comida, animais, e tem uma sequência de ordem alfabética. É um livro para ensinar a língua e estimular a criança a buscar traduzir as palavras que ela não conhece e pesquisar com uma pessoa mais velha”, detalhou a líder indígena.

O material didático está pronto, mas infelizmente ainda não foi publicado, devido à falta de recursos. “Nós enviamos para a Fundação Nacional do Índio [Funai], mas por enquanto ainda não tivemos uma resposta. Estamos esperando para ver se sai alguma coisa, e caso não saia, vamos ter que ver outras formas para ser publicado”, relatou a liderança.

“É muito gratificante, para nós, é uma vitória muito grande. Não só para nós, mas esse livro vai servir para vários indígenas. A gente fica muito preocupado em perder a língua tupi-guarani, porque a tecnologia afeta muito os jovens, e às vezes acaba até prejudicando. Eles não querem saber de estudar, da cultura, e isso é uma realidade das comunidades”, concluiu.


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