Publicado em 25/06/2021, às 12h02 - Atualizado em 12/04/2023, às 14h25 por Cinthia Jardim, filha de Luzinete e Marco
Em um pouco mais de um ano de pandemia, a saúde mental é um tema que precisa continuar sendo acompanhado de perto (e com muito carinho!). Com a sensação frequente de medo e insegurança, causados por um período tão delicado, é necessário redobrar a atenção quanto às crises de pânico.
Apesar de ser mais frequente nos adultos, as crianças também podem sofrer com as consequências ligadas aos sintomas da condição. Para tirar as principais dúvidas sobre o assunto, conversamos com a Dra. Ana Gabriela Andriani, psicóloga, mestre e doutora pela Unicamp, filha de Claudilene e Delfino. Saiba a importância do papel dos pais nesse processo e como você pode ajudar o seu filho.
De acordo com a especialista, a crise de pânico é caracterizada por uma sensação de angústia, ansiedadee medos intensos, mas que acontecem de forma breve e pontual, algumas vezes sem um motivo específico. “Essas sensações têm início súbito e são acompanhadas por sintomas físicos e/ou emocionais”, explica.
Quanto a síndrome do pânico, Ana Gabriela comenta que são crises mais recorrentes. “A frequência das crises pode deixar a pessoa que a vivencia muito insegura e desejosa de controlar os fatores que imagina serem os desencadeadores dela. É comum, a partir daí, ela torna-se reclusa por acreditar que as exposições a estímulos do ambiente podem ser gatilhos para o aparecimento dos sintomas”. Anualmente, a síndrome do pânico atinge cerca de 2% a 3% da população mundial. Segundo dados do MSD, mulheres possuem duas vezes mais chances de terem o diagnóstico do que os homens.
Geralmente, os sintomas atingem o seu nível mais alto em até dez minutos, podendo desaparecer logo em seguida. Por isso, é muito importante que, caso a criança esteja passando por um momento de crise, a família dedique apoio e procure ajuda de um profissional.
Apesar de acontecer com menor frequência nas crianças, elas também podem passar pela situação. “A sintomatologia se apresenta de uma forma parecida com a do adulto, com o agravante de, muitas vezes, elas não saberem explicar exatamente o que estão sentindo”, comenta a psicóloga.
No geral, os primeiros sintomas podem aparecer a partir de crises de ansiedade generalizada e/ou separação (ir para a escola, ir viajar sem os pais ou ficar na casa de um amigo). Além disso, a criança pode se sentir receosa de continuar frequentando locais onde uma crise de pânico aconteceu.
O primeiro passo é dar apoio e mostrar que a criança sempre pode confiar em você. “Os pais não devem tratar a situação como uma birra, culpar ou cobrar o filho. O que ajuda é ouvir a criança e dizer que entende como ela está se sentindo. Quanto mais segurança os pais transmitirem à criança, melhor”.
Em segundo lugar, e não menos importante, a família deve buscar pela ajuda de um psicólogo se as crises persistirem. “Quando tratada em uma psicoterapia, a síndrome de pânico tende a desaparecer, uma vez que poderão ser entendidos os fatores desencadeantes dela (modo como a criança está se sentindo na escola, nas relações familiares, se está insegura ou se sentindo ameaçada com algo, por exemplo) e os pais também poderão receber orientação para melhor entender e ajudar seu filho. Crises de pânico frequentes indicam que a criança está em sofrimento e que algo está se passando com ela. É justamente isso que precisa ser investigado e cuidado”, conclui Ana Gabriela Andriani.
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