Publicado em 01/12/2020, às 13h52 - Atualizado às 16h35 por Helena Leite, filha de Luciana e Paulo
A sexta palestra do 10° Seminário Internacional Pais&Fihos, Quem Ama Cria, ficou por conta da Djamila Ribeiro. Mãe de Thulane, ela é mestra em Filosofia Política pela Universidade Federal de São Paulo, coordenadora do Selo Sueli Carneiro e da Coleção Feminismos Plurais, autora dos livros “Lugar de Fala”, “Quem tem medo do Feminismo Negro?” e “Pequeno manual antirracista”.
No Seminário, ela deu uma palestra intitulada “Criar para a vida”, na qual ela falou um pouco sobre a educação antirracista. Ela começou contando uma novidade: um livro novo! Chamado ‘Cartas para Minha Avó’, ela vai falar um pouco sobre a infância nessa obra e a relação com a avó e com a mãe. “Meu pai sempre incentivou minha educação, mas minha mãe também sempre esteve ali diariamente, me levou para o Candomblé e me deu muito dos valores que eu tenho hoje. Então esse livro é minha forma de ressaltar essa importância dela na minha criação”, contou a palestrante, que desabafou sobre a grande exaltação do pai em todas as entrevistas que ela dá.
Djamila, que também é professora convidada do departamento de jornalismo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), contou sobre o racismo também presente nas escolas em todas as etapas da vida. “É importante vermos como somos ensinados a ser racistas e como desconstruir essa questão”, pontuou. Ela ressaltou a importância dos pais perguntarem sobre ações antirracistas das escolas antes de matricular os filhos. E também pontuou a relevância dos pais e professores ensinarem os alunos a aprenderem a lidar com as diferenças e a importância delas. “As diferenças só são ruins quando significam desigualdades”, ressaltou.
Laureada pelo Prêmio Prince Claus de 2019, concedido pelo Reino dos Países Baixos e considerada pela BBC como uma das 100 mulheres mais influentes do mundo, ao falar sobre a criação para a vida, ela apontou a necessidade de corrigir piadas racistas que ouvimos e, muitas vezes, replicamos diariamente. “Eu vejo crianças replicando esses racismos diários e me pergunto: como eles aprenderam isso? O primeiro passo é entender como educamos nossas crianças, quais são as referências que damos a ela”, continuou. “É importante treinamos os olhares das crianças para um olhar da pluralidade”, disse.
Ela seguiu falando sobre as diferenças das estéticas, ao definirmos um cabelo como ‘ruim’ e outro como ‘bom’. “É importante que ensinemos a reconhecer as belezas em várias facetas e, para isso, precisamos dar várias referências para nossos filhos”, contou, explicando a importância de pessoas brancas também lerem sobre negros e indígenas. “É importante olharmos pra essa pluralidade para entendermos que o mundo tem vários saberes e formas de ser”, falou. “Para entender essa questão racial e da mulher no Brasil, é preciso ler, entender. Aí sim vou entender aquela realidade. Empatia é contruída”, completou.
Ela também falou sobre a importância de um antirracismo pela ação, não apenas achar algo ruim, mas fazer alguma coisa para mudar essa realidade que prejudica certa pessoa ou grupo de pessoas. Como exemplo, ela citou uma escola em que deu palestra, onde pais brancos construíram ações para ampliar a entrada de negros na escola dos filhos, pensando em plano de bolsas, contratação de educadores negros e diversas outras ações. “Eu vejo isso em várias escolas, que estão com ações concretas”, contou.
Para essa construção e mudanças, ela apontou a necessidade de estudar a história do Brasil. “Precisamos entender a desigualdade para diminuir essas distâncias. É muito cruel responsabilizar o indivíduo pela opressão que ele sofre, não entendendo toda uma estrutura que o leva a isso. Quanto mais a gente estuda sobre o tema, menos dúvidas vamos ter de como agir”, explicou. Mas, claro, isso exige um trabalho constante de desconstrução, já que a todo tempo ouvimos esses preconceitos.
Djamila Ribeiro contou sobre um exemplo pessoal, contando que precisou trabalhar com o psicológico da filha para ela entender que era a única da escola negra. “As pessoas brancas muitas vezes não se incomodam. Não percebem que estão em um ambiente majoritariamente brancos em um país majoritariamente negros. Essa luta deve vir de todos”, ressaltou. Ela também contou que precisou ensinar a filha a como lidar com o racismo. “Eu precisei ensiná-la a entender que era um problema da sociedade, não dela”. Essa criação, para que crianças negras tenham autoestima e construa a própria história, para Djamila, é um dos maiores desafios dos pais negros. “Não adianta a gente achar que isso não vai acontecer, porque vai”, refletiu.
Nos momentos em que a filha passou por isso, ela contou que fez questão de ir até a escola, para conversar e explicar e resolver toda a situação, diferentemente do que aconteceu com ela. “Por isso é importante que pessoas brancas entrem nessa luta. Se existem pessoas que são descriminadas, existem pessoas que descriminam”, pontuou. A autora seguiu ampliando essa noção para a questão da masculidade e feminilidade. Para isso, citou uma famosa frase de Simone de Beavouir “Não se nasce mulher, torna-se”, explicando a relação entre “coisa de menina” e “coisa de menino” e as implicações dessa realidade. “Tive todos os desafios de ser mãe de uma criança negra e de ser mãe de uma menina. De ensinar que ela poderia brincar tanto de boneca quanto de carrinho. Que não existe brinquedo de menino e de menina, mas sim, brinquedo de criança”, refletiu.
Djamila também contou sobre algumas experiências negativas que a filha teve por participar de campeonatos de futsal, sofrendo pressões por ser uma menina e estar naquele ambiente. “Se os pais e mãe ensinassem a respeitar, todos os ambientes seriam mais hostis. Não seria uma menina jogando bola, seria mais uma pessoa jogando futebol”, pontuou. “Esse olhar precisa ser mudado dentro de nós. Não conseguimos ser antirracista e anti-sexista se isso não partir de dentro de nós. Vamos pisar muito na bola no começo, mas é preciso reconhecer isso”, explicou.
A Pais&Filhos acredita que não existe jeito certo ou errado na hora de criar e cuidar de um filho, mas sim o seu jeito. Por isso, antes de sair por aí procurando mil e uma dicas, saiba que não existe ninguém no mundo que conhece seu filho melhor do que você.
E mais do que isso, em 2020 e com a chegada da pandemia do novo coronavírus no mundo, a criação e cuidado com a família foram além. Esse novo momento trouxe para dentro de cada um de nós um jeito novo de criar vínculos. Palavras como felicidade, impulso, adaptação, abraço, carinho, vínculo, rede de apoio, saudade: tudo isso está na criação de um filho. Mas da onde vem esse ato de criar?
Esse instinto está na parentalidade. E ele não é exclusividade da mãe ou do pai, mas sim de quem cria. Então, na boa, vai na tua! Sem medo de viver, de confiar e de abraçar o que você acha melhor para seu filho.
Para ver mais detalhes, a programação completa e se inscrever nos sorteios, acesse o site do Seminário!
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