Publicado em 13/12/2022, às 07h41 por Ana Cardoso e Marcos Piangers
Quando Aurora tinha dois anos, gostava de dormir na nossa cama, como gostam todos os bebês de dois anos de idade, naquilo que alguns pais chamam de cama compartilhada, mas que de compartilhada não tem nada, a criança se esparrama por todo o espaço e não compartilha nenhum centímetro com os pais que, coitados, dormem no limite de caírem no tapete do chão do próprio quarto. Isso tudo quando não fogem para a cama dos filhos, onde posem dormir com mais espaço e não acordam com dores no pescoço, criando aquela cena patética de adultos dormindo enrolados com lençóis das princesas da Disney.
Os pais colocarão todo tipo de decoração no quarto do filho, para que ele finalmente durma sozinho, mas isso só acontece efetivamente lá pelos sete ou oito anos, em algumas famílias mais cedo, em outras famílias (bem) mais tarde (uma amiga, executiva de sucesso, confidenciou que, até hoje, quando está muito chateada, liga pra mãe e pede pra dormir uma noite com ela).
Minha filha foi alternando nossa cama com a cama dela, cada vez menos, até que aos oito anos decidiu, não dormiria mais conosco, foi uma resolução de Ano Novo. E assim foi. Eu a coloco pra dormir todas as noites. Quando as crianças dormem sozinhas em seus quartos, os pais se sentem aliviados. Ufa, dormiremos agora tranquilos, sem socos no estômago nem chutes nas costas.
Uma semana depois, sentem saudades. Nossos filhos, todos os anos, farão algo conosco pela última vez. A paternidade é uma despedida constante. Estão aprendendo a andar, falar, estudar, dormir sozinhos, dirigir sozinhos. Estão aprendendo a viver sozinhos. Já foi dito que os filhos não são nossos, são do mundo, os pegamos emprestados por alguns anos. Teremos momentos bons e ruins juntos. Quando crescem, até as lembranças ruins parecem boas.
A primeira semana da vida de um bebê dura dez anos. A gente não dorme, eles choram, a gente se desespera, eles choram, a gente não sabe o que fazer, eles berram, até que – do nada – dormem por horas a o. E a gente fica mais uma vez sem saber o que fazer, agora com o tempo livre, não com o bebê. Bate até uma vontadezinha de acordar a criança.
Em apenas 7 dias, adquirimos dificuldade em discernir os dias da semana e em contabilizar quantas vezes acordamos durante a noite. Desde esta primeira distorção temporal, nunca mais compreendemos claramente o que acontece. A gente acha que os filhos precisam ir pra escolinha porque nossos dias demoram pra passar e assim mesmo não conseguimos fazer nada. Quando vão, o dia voa e percebemos que podemos resolver mil coisas numa tarde. Isso dura muito pouco, logo as horas encurtam de novo.
Quando chegam as férias, bate um desespero: os primeiros dias passam num piscar de olhos, é só alegria. É véspera de Natal, é preciso organizar as festas, os presentes, iremos viajar? A excitação soma-se ao cansaço de um ano todinho e a gente sobrevive meio inebriado a esses dias. No meio de janeiro, o tédio começa a bater à porta.
Mãe, quando a gente vai comprar material? Quando é o Carnaval? Quando voltam as aulas?! (Logo, meu filho, pelo amor de Deus, minha mãe do céu). Nada é tão estranho quanto nos darmos conta que eles estão crescendo e que este processo é inexorável. Chega um dia que nenhuma criança mais te chama quando cai ou pede pra dormir contigo quando tem pesadelo. E este dia é vazio e dura uma eternidade. Então, assim como aprendemos a dividir cada minuto do nosso tempo naquela primeira e caótica semana, somos obrigados a preencher nossa vida com nós mesmos. Dói um pouquinho.
Moral: “Tempo, essa coisa louca. Dizem que um minuto tem 60 segundos, um dia, 24 horas, mas no nosso coração, os anos passam em outra velocidade”
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