Colunas / Mãe que é pai

As cicatrizes contam aventuras da infância

dia-do-brincar

Publicado em 15/12/2018, às 17h27 - Atualizado às 18h09 por Cris Guerra


dia-do-brincar

Um belo dia, Francisco ganhou um carrinho de rolimã. Em 15 minutos estávamos na praça, tentando aprender as manhas do brinquedo. Ele, maravilhado e cauteloso. Eu, pronta para viajar no tempo, ignorando os procedimentos de segurança.

Nunca tive um carrinho desses, mas meus irmãos tiveram, construído com tábuas e a paciência de um primo mais velho. Ao ver o presente do meu pequeno, regredi. Pedi emprestado, mas o menino tomou para si a estreia – que jamais aconteceu, diga-se de passagem. Bolei meu plano: quando ele saísse pra escola, eu fugiria com o brinquedo, pra ralar meus joelhos em paz.

Quem disse? Depois de adultos, o que não falta é medo de perder os dentes. Viajei no carrinho, sim, mas foi para décadas atrás, tempo em que os primos moravam na rua paralela acima e a transversal era a pista de corrida. “Bibiiiii!!”, gritava meu irmão ao descer a mil por hora.

A senhora que atravessava não ouviu e foram os dois parar lá embaixo, ela em seu colo magrelo e ele a gritar indignado: “Eu buzinei!”. Uma cicatriz no joelho direito me conta outra aventura: uma incursão
proibida por um lote vago, onde uma velha lata de ferro me aguardava maquiavélica, as bordas arregaçadas num sorriso de bruxa.

Ostento a marca com orgulho. Francisco também infla o peito para me mostrar a mais recente avaria. Joelhos ralados e pernas ásperas de repetidos machucados falam de alma livre, mesmo sem aderir ao rolimã.

Nas brincadeiras do seu tempo, o joelho sempre dá um jeito de treinar autonomia. Na infância, eu pedalava meu gosto por velocidade, até ser interrompida por um tombo na curva, com direito a salto mortal e cabeçada no asfalto.

Belo trabalho do anjo da guarda: restou somente uma cicatriz no dedo mindinho e um caso engraçado pra contar. Já o impacto colocou a cabeça pra pensar: tirei o pé do acelerador e deixei que o tempo fizesse a sua parte. Cheguei aqui bem mais mansa, mas o barulho das rodinhas despertou minha molecagem.

Pensei em correr de rolimã, em vez de na vida. Empurrar o espírito ladeira abaixo e deixar que ele brinque. Sem a angústia de um tempo que corre sempre mais do que nós. Depois colocar os joelhos no chão, deitar o corpo no asfalto e olhar para o céu. Aprender a rir do tempo e fazer da gargalhada o abdominal perfeito, treinando para a próxima corrida.

Leia também:

“A culpa toma um café lá em casa, mas ela não tem quarto de hóspedes”, afirma Cris Guerra

Vídeo: 6 frases inspiradoras da Cris Guerra

“Meu livro é um relato de vida, morte e amor”, conta Cris Guerra


Leia também

Montagem de Madonna e cantor Leonardo - Créditos: Reprodução/ Instagram

Família

Leonardo chama show de Madonna de "Surub4" e acusa a cantora de sat4nismo

Se você procura um nome de menina, aqui estão 180 ideias diferentes - Pexels/Moose Photos

Bebês

180 nomes femininos diferentes: ideias de A a Z para você chamar a sua filha

De A a Z: confira os nomes femininos americanos para te inspirar - Getty Images

Bebês

Nomes americanos femininos: mais de 1000 opções diferentes para você se inspirar

Essa lista vai te ajudar a escolher o nome ideal para o seu bebê se você adora a letra “A” - Shutterstock

Bebês

48 nomes de bebês para meninos e meninas com a letra ‘A’

Montagem enchente Rio Taquari - Créditos: Reprodução/ Rede Globo

Família

"Perdemos tudo", mãe tem reencontro emocionante com filha depois de 15 dias no RS

Foto: Reprodução

Família

Madonna faz doação grandiosa para vítimas do Rio Grande do Sul e valor impressiona

Os nomes japoneses femininos são lindos, fortes e possuem significados encantadores - Getty Images

Bebês

Nomes japoneses femininos: 304 opções lindas para você conhecer

A bartolinite é uma infecção que ocorre nos cistos de Bartholin, causando uma inflamação na região da vagina - Freepik

Família

Bartolinite: o que é a bola inchada na vagina e como tratar a infecção