Para além da sala de aula: a escola tem que ensinar para a vida também
Pensamento crítico, cidadania e outras habilidades também devem fazer parte do currículo escolar
Às vezes, pode ser um pouco confuso dividir as tarefas que são da escola das que são dos pais. Claro que cada um tem o seu quadrado, é dever dos pais educar a criança para que ela chegue na aula sabendo respeitar o próximo. Mas a escola também não pode ficar dentro de uma caixinha onde o aluno só vai (por obrigação) para fazer algumas contas e aprender a escrever certo.
“Ofertar uma educação infantil (os seis primeiros anos de vida) de boa qualidade, especialmente em contextos de vulnerabilidade, é de extrema importância e tem grande impacto no desenvolvimento infantil, aumentando as chances dessa criança se desenvolver plenamente”, como destaca Beatriz Abuchaim, Coordenadora de Educação Infantil na Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.
E “boa qualidade” não se refere somente ao futuro acadêmico do aluno. Sueli Cain, diretora do Colégio Mater Dei e mãe do Guilherme, fala que este preparo para a faculdade está treinando o aluno apenas para uma fase da vida e “que é passageira”.
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, as crianças se desenvolvem através das interações e brincadeiras. Por isso, Beatriz explica que é fundamental que a creche ou escola tenha profissionais com formação adequada e que compreendam a importância do vínculo e do afeto nessa faixa etária. “A brincadeira e o cuidado com a criança, associados à interação e ao vínculo, são essenciais para o pleno desenvolvimento na primeira infância.”
É na hora de brincar que a criança expressa os sentimentos, desenvolve o autocontrola e compreende os fatos que acontecem na vida. Por isso, a educação infantil requer que os professores tenham um bom entendimento do desenvolvimento infantil. “Bem como capacidade de escutar e obervar as reações das crianças nesse processo”, como destaca Beatriz.
A escola também tem o dever que preparar as crianças para enfrentar este mundo que está em constante mudança. Como parte do docente, Sueli tem o foco muito claro. “Nosso papel, é ensinar nossos alunos a serem eternos ‘aprendentes’.”
Se você for parar para pensar no que as empresas buscam em um profissional, vai notar que a maioria das características não são trabalhadas em sala de aula. Inovador, visionário, empreendedor, criativo… enquanto as crianças e adolescentes ainda estão recebendo um ensino muito duro e “quadrado”. “É preciso pensar no desenvolvimento do ser humano em todos os aspectos”, como enfatiza Sueli.
E , para isso, a diretora fala que o caminho é trabalhar com metodologias ativas de ensino, onde o aluno é desafiado a desenvolver projetos, solucionar problemas que tenham um impacto real na comunidade e compartilhar. “É o ‘fazer’ para aprender”.
A Pais&Filhos está completando 50 anos este ano e, por isso, queremos trazer reflexões não do passado, e sim do futuro para preparar a nós e aos nossos filhos para este mundo que ainda não conhecemos. Na educação, por exemplo, estamos tomando mais e mais o caminho com a visão integral do ser humano. Ou seja, o ver e desenvolver no aluno não só o aspecto cognitivo, mas também o afetivo, social, artístico e ético.
Devemos ir para além das habilidades ligadas à cognição e desenvolver competências socioemocionais, criatividade, pensamento crítico, capacidade para resolução de problemas de forma colaborativa, comunicabilidade, flexibilidade, inovação, cidadania, organização, respeito à diversidade, respeito ao meio ambiente, ética e resiliência para os alunos.
Como a Sueli destacou, “o importante não é mais a quantidade de conteúdo absorvido, mas a capacidade de aprender ao longo da vida”.
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