“A memória é a cura, não está infectada pela Covid-19”, aconselha médica às famílias que não podem se despedir dos mortos
Nesta segunda-feira, 18 de maio, a especialista geriátrica Ana Claudia Arantes participou do programa ‘Encontro’, da Tv Globo, para explicar a dificuldade que a população brasileira está enfrentando com o luto repentino pelas vítimas do coronavírus
Resumo da Notícia
- Médica conta como está difícil para muitas pessoas aceitar as perdas durante a pandemia
- Por conta da suspensão dos velórios a situação fica ainda mais complicada
- O ser humano tende a entender a morte só depois de visualizar o corpo
- As memórias de momentos afetivos devem ajudar nesse processo
Uma das maiores dificuldades dentro de uma pandemia é entender que o balanço no número de mortes, que aumenta a cada dia que passa, não são somente números. Por trás de cada caso existe uma pessoa e uma família, que estão sofrendo para lidar com a perda e entender os impactos do vírus no mundo. E a situação se torna ainda mais dolorosa, porque os velórios foram suspensos para evitar maiores riscos de contaminação.
Nesta segunda-feira, 18 de maio, a médica geriátrica formada pela Universidade de São Paulo, Ana Claudia Quintana Arantes, participou do programa “Encontro”, da Tv Globo, para falar sobre as dificuldades do luto com a pandemia. Ela contou como nossa consciência sobre a morte só existe após conseguir visualizar a perda, ou seja, enxergar o corpo na sua frente e se certificar do fim. Por conta das restrições, não é possível ter esse contato e ter a oportunidade de se despedir, tornando o processo ainda mais difícil de aceitar.
“A gente não pode se permitir ser prisioneiro dessa dor. Nós não somos prisioneiros. A memória é livre, não está infectada pelo Covid-19. A memória é a cura. Você sabe que o abraço que vai receber das pessoas só está adiado. Ele não está eliminado, para que nesse momento, você possa se abraçar com a história e com as fotos”, aconselhou Ana Claudia durante o bate-papo ao vivo com Fátima Bernardes.