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Quarentena em família: saiba lidar de forma positiva e criar memórias com seus filhos

Do que lembrarão nossos filhos, quando recordarem desses meses presos em casa? - Getty Images
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Publicado em 31/05/2020, às 10h08 - Atualizado em 03/06/2020, às 10h10 por Ana Cardoso e Marcos Piangers


Do que lembrarão nossos filhos, quando recordarem desses meses presos em casa?(Foto: Getty Images)

Ele: do que minhas filhas lembrarão?
Lembrarei destes dias como se fossem um sonho longo, como se a vida estivesse em suspenso por meses. Não há escola, nem barulho de avião, não há nenhum plano de aventuras em família. Nossa aventura é ir ao mercado. Os bares estão todos fechados e sinto falta dos amigos. Vou lembrar dessa época como se estivéssemos todos em um daqueles filmes de suspense, mas o suspense demora meses e compartilhamos um luto antecipado, uma espécie de medo de perder alguém, ou perder dinheiro ou o emprego, ou do caos e do desconhecido. Tenho um luto de algo que ainda não sei o que é, algo que perdemos ou esperamos perder em breve. Talvez, a vida como conhecíamos. Desses dias domiciliares, do que minhas filhas lembrarão? Aurora lembrará que disputava conosco quem acordava primeiro? Lembrará que gritava “Papai?” às seis da manhã para ouvir de volta: “Oi, Aurora. Tá muito cedo. Dorme mais um pouco”? Lembrará que voltava a dormir e ficava chateada conosco se levantássemos às oito sem avisá-la? Lembrará que todas as manhãs ela me pedia para levá-la nas costas até a cozinha, para o café da manhã? Lembrará que todos os dias comia dois pães, um com manteiga e outro com geleia? Que todos os dias pedia suco e todos os dias achava azedo? Terá algum conforto ao sentir o cheiro de café que eu e sua mãe tomamos? Sentirá falta de estar conosco todos os dias, o dia todo? Saberá que tínhamos sorte? Anita lembrará que fez quinze anos durante a quarentena? Que seu encontro com as amigas foi cancelado? Lembrará que comprei no supermercado dois balões daqueles gigantes com o número 1 e o número 5 e que ela achou aquilo muito brega e pediu pra tirar da parede, do contrário, não aceitaria o ‘Parabéns pra Você’? Lembrará que, respeitando sua adolescência, permitíamos que dormisse até perto do meio-dia? Que ela acordava de bom humor e nos abraçava demoradamente? Lembrará das espinhas que lhe apareceram pela primeira vez durante a reclusão? Lembrará dos cookies, que tem feito uma vez por semana, e das pequenas travessuras de me oferecer cookies salgados? Lembrará dá risada que ela e a irmã deram ao ver meu semblante se desfigurar com o sabor inesperado? Lembrará que esta semana me deu um cookie recheado de wasabi e eu, novamente, caí na traquinagem? Do que lembrarão nossos filhos, quando recordarem desses meses presos em casa? Da nossa presença constante? De como nos reapaixonamos uns pelos outros? De como criamos novos rituais, nossas pequenas tradições? De como dormíamos juntos depois de um filme assustador. Das receitas que aprendemos a cozinhar juntos. De andar de skate no corredor do apartamento. Da cobrança constante de lavar as mãos. De como éramos sortudos de ter uns aos outros. E de como, unidos no aconchego da nossa casa que descobrimos amar, tínhamos a impressão de estar salvando o mundo.

Aproveite a chance maluca que o universo os deu de curtir o tempo com a família (Foto:iStock)

Ela: me apeguei
Outro dia tive um pesadelo e acordei suando. Sonhei que estava atrasada, precisava acordar as meninas, levá-las correndo pra escola e ir pra uma reunião do outro lado da cidade. Não sabia o que vestir, as pequenas tinham ido dormir tarde, não queriam levantar e quase bati o carro na rua da escola, o trânsito estava nervoso. Ainda com taquicardia, fui até a cozinha tomar um chá e buscar meu celular pra entender o tempo. Acho que isso foi na noite do dia 22 para o 23 da quarentena, não sei dizer se numa segunda ou num sábado. A diferença entre os dias (e as horas) é quase íntima aqui dentro de casa. Fervi capim cidreira e cúrcuma, dizem que é bom pra aumentar a imunidade. Será que funciona pra imunidade psicológica também? Fazia calor e troquei o chá por uma vitamina C efervescente, a grande estrela da dieta líquida do isolamento. Então, refleti sobre aquele “pesadelo”, que não me pareceu mais tão assustador assim. Era só sobre uma manhã normal de antigamente. Uma manhã muito diferente do novo normal, mas bem dentro do padrão anterior. Foi aí que me dei conta que estou gostando desses dias. Longe de ser uma Polliana e ver lados bons em tudo. A exemplo da maior parte de pessoas que conheço, eu gosto mesmo é de reclamar das coisas, inclusive da mania das minhas filhas de reclamar de tudo. A genética, essa danadinha. Tudo lá fora parece um episódio de Black Mirror e que bom que a ficção já nos preparou para viver esse tipo de situação. Mas, a verdade é que não posso reclamar dessa nova rotina. Minhas filhas nunca estiveram tão serenas, meu marido é a cara da felicidade. Eu estou adorando cozinhar com tempo, dar aulas de yôgapra todos eles (depois de anos insistindo e sendo ignorada) e não ficar nervosa com quase nada. É só não ler notícias o tempo todo, consumi-las com moderação mesmo quando a ansiedade bate. Longe de mim dizer que uma pandemiaé boa, ou que ficar em casa presa é melhor que poder circular livremente por aí, dar risadas na rua. Mas, é preciso admitir: tem coisa boa no meio desse caos. Nós, humanos, nos acostumamos muito rápido a novas situações. Se a volta ao mundo externo se der muito abruptamente, ou se a vida lá fora seguir idêntica à de antes, vou sofrer horrores. Me apeguei à calma, à minha família sempre junto e ao silêncio lá fora. Não é isso, exatamente o que a gente dizia tanto que queria?

Moral: “Aproveite a chance maluca que o universo nos deu de preservar a natureza, nos conhecermos melhor e curtirmos a nossa família com abundância de tempo”.

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