Publicado em 23/03/2020, às 16h56 - Atualizado em 16/01/2023, às 09h04 por Yulia Serra, Editora | Filha de Suzimar e Leopoldo
Com a disseminação do coronavírus pelo Brasil e pelo mundo, muitas dúvidas surgiram sobre o tema, uma delas em relação à gravidez. Alguns estudos já publicados mostram que os bebês que nasceram após as mães serem infectadas pela doença não apresentaram nenhuma infecção. Ao que tudo indica a partir de outras pesquisas, o público mais jovem (bebês e crianças) são os menos afetados pela pandemia, mas mesmo assim não estão imunes.
A Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH) recomenda adiar os tratamentos de fertilização in vitro e inseminação artificial. “Em virtude das incertezas e falta de evidências robustas na literatura, e seguindo as orientações da ASRM (6), sugerimos que pacientes assintomáticos, sem suspeitas de contágio, que planejam realizar tratamento de reprodução assistida com gametas próprios ou usar ovodoação, espermatozóides de doador ou útero de substituição, também devem postergar o início de qualquer tratamento para obtenção de uma gravidez até que a situação no país relativa ao COVID-19 esteja controlada”, publicaram em nota.
Já para os tratamentos em andamento, o indicado é prosseguir, mas caso a mulher ainda esteja no início e apresente os sintomas, também vale a recomendação de aguardar: “Para pacientes sintomáticos que estiverem em vigência de tratamento da infertilidade, sugerimos que seja cancelado o procedimento ou oferecido o congelamento de todos os oócitos ou embriões, evitando-se a transferência de embriões até que estejam livres da doença e a situação no país esteja normalizada”. A instituição tomou essas medidas seguindo as recomendações de prevenção da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde (OMS), que reforçam a necessidade de isolamento domiciliar e evitar aglomerações ou idas desnecessárias aos hospitais.
A Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida e a Red Latinoamericana de Reproducción Asistida também se pronunciaram sobre o assunto. Em nota, disseram: “A SBRA e a REDLARA entendem que este é um momento de prudência e de atenção e recomendam que os profissionais de reprodução assistida suspendam novos procedimentos durante esse período, à exceção de casos oncológicos e de outros em que o adiamento possa causar mais dano ao paciente. Nessas eventualidades, a orientação é de que a decisão seja compartilhada com o paciente e que o profissional observe com cautela as particularidades de cada situação. As entidades orientam ainda que os ciclos já em andamento sejam finalizados, com controles estritos dos pacientes e equipes envolvidas”. As duas instituições também recomendam que os profissionais da área adotem medidas de prevenção e segurança nas clínicas e locais de atendimento.
O ginecologista e obstetra Dr. Igor Padovesi, pai de Beatriz e Guilherme, reforça a novidade da doença e dificuldade em afirmar algo com completa certeza. “Não tem como saber os efeitos, porque esses bebês não nasceram ainda. Mas tudo indica que o feto não passa a placenta, já que em nenhum dos casos que aconteceram no final da gestação, até o momento, o bebê nasceu com a infecção”, comenta. O médico acrescenta: “Para a gestação espontânea, teoricamente, não precisa adiar, porque daqui nove meses a gente espera que já esteja tudo resolvido. Por outro lado, como tem a perspectiva de que o caos completa absolutos estágios nos próximos meses, é uma coisa a se considerar”.
Ele entende que a situação socioeconômica pode agravar dificultando o acesso à exames e atendimento pré-natal, mas reforça a diferença entre esse período e o zika vírus. Esse vírus era realmente muito grave para a gestação enquanto para o coronavírus não consideram as gestantes como grupo de risco. Para saber mais sobre os cuidados durante a gravidez, parto, amamentação frente à nova pandemia, acesse aqui!
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