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Meu primeiro ano como pai!

E que ano! Aprendizados para a vida - Reprodução / GettyImages
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Publicado em 04/09/2020, às 09h03 - Atualizado às 09h18 por Com a Palavra


**Texto por Bruno Lara, jornalista, pesquisador de pós-doutorado em Ciência da Informação pela UnB e editor do blog Dissertação Sobre Divulgação Científica

E que ano! Aprendizados para a vida (Foto: Reprodução / GettyImages)

Se eu fosse vender, digo, dar (de graça) um conselho aos recentes pais de primeira viagem, seria: dediquem-se! Abracem com aconchego essa promoção que a vida deu a vocês. O melhor presente que a sua filhota ou o seu filhote pode ganhar (qualquer pessoa, na verdade) é o seu tempo. Tempo é um grande investimento para fortalecer os relacionamentos, enraizar afetos, criar e aumentar o amor. Muitos dos problemas que vemos entre pais e filhos é decorrente da falta de diálogo e de tempo de qualidade – pais excessivamente dedicados à carreira, enquanto filhos são focados nos colegas e outras atividades de fora da casa, como se o lar não fosse prioridade.

Às vezes, é mais fácil renunciar a alguma atividade paterna para outra pessoa “mais experiente” fazer. Você se poupa, descansa e entrega os cuidados da sua ou do seu pequeno a quem “sabe mais”. Terceiriza. Mas, os seus pais e sogros (geralmente são quem dão o suporte) foram pais de bebês há décadas. Muita coisa mudou sobre a criação dos filhos desde os anos 70, 80 e 90. Conhecimento, informações e orientações sobre condutas são bem diferentes hoje em dia em quase tudo. Já foi comum, por exemplo, enfaixar a barriga do bebê para o umbigo não ficar para fora. Hoje, sabe-se que é fake. Já ouvi a história de uma mãe que pouco bebia água durante a amamentação porque poderia “prejudicar a produção de leite”. Acredite!

Além de muito provavelmente os seus pais e sogros terem perdido a mão depois de tantos anos sem prática, cada bebê é único, tem as suas características e os seus jeitos próprios. Nós é quem devemos explorar as situações para descobrir como lidar com os nossos filhotes. E só o faremos se arregaçarmos as mangas com prazer, sem entender aquilo como fardo.

Ao longo desses primeiros doze meses como pai, eu sempre fiz questão de ficar o máximo de tempo possível com a minha filha para entendê-la: o que a faz sorrir e estar bem, o porquê e os tipos de choro, o que a faz dormir e acordar, as expressões faciais e corporais dela, o modo de se comunicar, os trejeitos, o que ela quer e precisa… Tudo. Eu tinha que estar com ela, doar o meu tempo para compor o mundo dela da melhor forma possível. O meu colinho tinha que ser gostoso, seguro e confortável. Qualquer trabalho bem-sucedido, inclusive o “cargo” de pai, ao qual somos promovidos por Deus, é composto por alguns elementos. Entre eles: a vontade de vitória, de fazer dar certo.

A fase dos primeiros doze meses cansa? Cansa pra burro. Exige muito da gente? Exige pra burro. Você vai ficar exausto? Sim, senhor. É bem possível que chore? Aham. Vai faltar tempo para jogar e assistir ao futebol? Certeza. Aliás, eu esqueci de assistir a uma importante partida do Flamengo na Libertadores de 2019 por conta da correria em casa. Foi o jogo de ida das quartas de final, contra o Internacional. Felizmente, a seleção passou e os outros jogos eu consegui assistir (ou semiassistir).

(Foto: Shutterstock)

A gente começa a entender melhor a função burocrática de pai quando sai da maternidade. A experiência na maternidade é quase que a de um maternity resort all inclusive (nem pense em roubar o nome, estou patenteando): café, almoço, lanche e jantar nas horas certas, toda hora entra um profissional para saber se estamos bem, vários especialistas se revezam para dar o suporte – pediatra, oftalmo, otorrino, enfermeira, técnica de amamentação etc. E tem o que eu chamo de “botão da salvação”. Quando a coisa aperta, a gente aciona um botãozinho que fica ao lado da cama da mãe e logo aparece alguém para nos socorrer.

É o nosso “oh, quem poderá nos defender?”. Uma bênção! Mas, uma hora a fantasia acaba, e a gente é chutado para fora do maternity resort all inclusive, sem dó nem piedade. Em casa não tem o “botão da salvação”, o que é uma falha dos planos de saúde. Alô, Agência Nacional de Saúde Suplementar!

Mas, com o tempo e vontade a gente aprende, errando e acertando. Com exceção da amamentação (por razões um tanto claras), eu sempre fiz questão de fazer tudo: trocar fralda, dar banho, escolher e trocar a roupinha, colocar para dormir, brincar e tudo mais. Quanto mais cansa, quanto mais a gente faz, mais a gente se apaixona por esses serezinhos! Eu quis botar a mão na massa, mesmo errando. É tão gostoso errar querendo aprender, de fato! Parece que o aprendizado é mais efetivo. E daí errar?!

Lembro que por muitas e muitas vezes eu quase implorei para a minha esposa para esperar um pouco o banho da Gabriela, para dar tempo de eu chegar em casa depois do trabalho. E ficava contrariado quando não dava tempo. Muitos pais têm medo de dar o primeiro banho, porque o serzinho é bem molinho, podem deixá-lo cair, entrar água no ouvido etc. Mas eu, não. Está no meu currículo: o primeiro banho fui eu quem deu. Nenhum grupo ideológico de revisionismo histórico apaga isso.

Uma vez, um amigo perguntou o “ápice” de ser pai, o “mais legal”. Inicialmente fiquei na dúvida sobre o que responder. O que veio na cabeça foram os momentos em que eu sou paz para a minha filha. Lembro de uma ocasião em que acordei às 4h com a Gabriela chorando bastante. Assim que eu a peguei no colo, ela acalmou e logo dormiu. Foi instantâneo e incrível. Senti-me tão bem por isso! É algo inexplicável. Depois, eu a devolvi para a minha esposa, dormi um pouco mais, acordei às 5h30 para acompanhar a minha mãe até o aeroporto e fui trabalhar. Embora eu tenha dormido mal, estava exalando energia, disposição e felicidade por ter conseguido dar tranquilidade à minha filha.

Para Bruno, a paternidade está na presença (Foto: Arquivo Pessoal)

Aliás, um dos momentos mais gostosos (e trabalhosos!) nesse período foi botar a minha pequena para dormir. Tinha dia e noite em que nem peito, nem nada a fazia pegar no sono. Mas, aí chegava eu, o Super-Homem, o melhor pai do mundo de todos os tempos e… Pimba! Vinha o soninho. De uma hora para outra, como um passe de mágica? Às vezes era fácil, mas às vezes a situação exigia um processo árduo de perda de calorias, suor no rosto e na camisa, dores nas costas e braços pesados. Funcionava. Eu variava e combinava as técnicas: chiado com a boca por aproximadamente uma hora ou mais (esqueci de falar que o processo incluía boca e língua dormentes), tipos diferentes de balanços e musiquinhas de ninar. Um bom tempo depois, ela já estava 98,9% dormindo. Quase lá. Uns minutinhos a mais e pronto: barulho na sala ou um @&*%$ de carro com som alto na rua. E começava todo o processo novamente. No fim das contas, dava tudo certo. A minha pequena pegava no sono, que poderia durar de dez minutos a três horas no colinho do papai, desde que não caísse um alfinete no chão num raio de 50m.

Cá pra nós, cuidar de um bebê de poucos meses é bem intenso, viu! Por isso, é sempre legal os pais se informarem antes, durante a gestação, para entender as fases e estarem preparados, ou pelos menos se enganarem que estão preparados. Há vários cursos e minicursos, inclusive gratuitos. Eu fiz alguns presenciais. Há pela internet também. Faça-os, informe-se, aprenda com outros pais, leia livros, converse e, principalmente, leia a Pais&Filhos.

Esse conjunto de informações é interessante para dar uma noção das atividades, do que é ser pai e, também, para perder ou reduzir algum medo que você tenha. Só a vontade de querer fazer já é um grande avanço, torna as coisas bem mais fáceis. Mas, entender mesmo, só batendo cabeça no dia a dia (cuidado porque chega a dar galo).

Na verdade, quando a gente pensa que entende o que é ser pai, desentende. São as peripécias da vida. Os doze meses são só o início. Vem aí o terrible two, o terrible three, terrible teen… O verdadeiro certificado de pai a gente pega depois de 18, 20, 25, 30 anos, desde que sejamos aprovados nos diferentes níveis do curso (e mesmo depois do certificado, continuamos aprendendo e exercendo o “cargo vitalício”). Não é um certificado de papel, mas sim se e quando os nossos filhos, já adultos e conscientes do que seja a vida (se é que é possível saber com clareza), inspirarem-se na gente para criar os nossos netos, aplicando os ensinamentos e o modo de relacionamento que eles tiveram conosco. Boa sorte, pai! Todos precisamos.


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