Criança

Pai flagrado batendo nas filhas em Salvador pede desculpa mas tenta justificar: ‘Queria educar’

Pai flagrado batendo nas filhas em Salvador pede desculpa mas tenta justificar: ‘Queria educar’ - Reprodução/Instagram
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Publicado em 04/01/2023, às 08h29 por Redação Pais&Filhos


Nesse último domingo, dia 1 de janeiro, o vídeo de um pai agredindo suas duas filhas, crianças de 7 e 10 anos, na praia de Itapuã, em Salvador, na Bahia, gerou revolta nas redes sociais. No registro em questão, o homem bate de maneira violentanas duas meninas pequenas com um chinelo. Em seguida, ele pega uma das menores pelo pescoço e a joga na areia.

Pai flagrado batendo nas filhas em Salvador pede desculpa mas tenta justificar: ‘Queria educar’ (Foto: Reprodução/Instagram)

Após a repercussão, o agressor se pronunciou sobre a atitude e divulgou um vídeo em que chora e pede perdão. “Nada vai justificar o que eu fiz, eu errei, mas quero dizer para vocês que não sou monstro. Essas pessoas que estão falando de mim não sabem o amor que tenho pelas minhas filhas”, disse. “Na mesma hora, a raiva passou e eu me desculpei. Eu bati nos meus filhos, mas foi na intenção de educar. (…) Eu poderia ter conversado, poderia ter sido de outra forma. Eu fiz da pior forma e errei por amor, porque eu pensei que a minha filha estava morta”, completou.

Ele continua falando que por mais que as imagens tenham sido fortes, suas filhas estão bem e não têm nenhum hematoma ou marca. “Eu reconheci meu erro que eu bati demais, mas eu peço, pelo amor de Deus, que tenham misericórdia. Eu sou um pai de família, eu amo minha família, eu amo minhas filhas. Todo mundo está me olhando como monstro, como bicho, como a pior miséria que existe na Terra”, finalizou.

De acordo com o pai, ele acabou ficando muito irritado com o fato das duas meninas terem saído de perto do guarda-sol onde estava a família e acabaram se perdendo na praia. Assim que voltaram, as crianças foram recebidas com o fortes chineladas e empurrões no chão.

Em um outro pronunciamento, o homem gravou uma declaração dentro de um quarto, em que mostra as duas menores aparecem deitadas.  “Eu passei do limite. Mas eu não matei minhas filhas, não dei cacetada, não dei facada, não dei paulada, não dei garrafada, eu bati com uma sandália. Quem nunca apanhou de sandália? Agora, eu mereço isso? Todo mundo querendo arrancar a minha cabeça e ver meus filhos sem pai? Por quê? Por um momento de fraqueza em que tentei educar? Não sou esse monstro que vocês estão pensando. Sou um pai de família”, declarou. O caso será conduzido pelo Conselho Tutelar e pela Polícia Civil.

Palmada, não!

Apesar dos mais diversos métodos de educação, mesmo que as vezes seja difícil lidar com a desobediência dos filhos, os castigos físicos nunca serão a melhor opção.

Seja pela falta de reflexão, ou até mesmo da paciência, optar pelas palmadas, tapas, ou beliscões pode parecer mais cômodo, mas adiantamos que os traumas podem ficar para a vida inteira e afetar a longo prazo o desenvolvimentoinfantil.

Amor e carinho devem sempre estar presentes na educação dos filhos (Foto: Shutterstock)

Para esclarecer melhor sobre o assunto, conversamos com a Dra. Francielle Tosatti, Pediatra, da Sociedade Brasileira de Pediatria, especialista em em Emergências Pediátricas pelo Instituto Israelita Albert Einstein e com o Psicólogo e Psicanalista, Dr Ronaldo Coelho, que reforçaram a importância de uma educação sem castigos físicos e deram dicas de ouro para fazer com que o processo seja cheio de amor e carinho.

Muito além das palmadas, os castigosfísicos também são os empurrões, beliscões, sacudidas ou até mesmo tapas como forma de interromper um comportamento de desobediência. Desta maneira, a tendência é que a criança passe a entender a situação como “normal” e comece a reproduzir os fatos no dia a dia.

“A base para uma boa educaçãocomeça com uma relação de qualidade entre pais e filhos, para que os filhos possam ter nesses pais uma referencia e assim, absorvam os limites e ensinamentos que lhes estão sendo passados. E uma relação de qualidade não é construída pelo medo, mas com firmeza e amor!”, explica Francielle

As consequências

Segundo o especialista, os castigos físicos podem trazer diversos traumas ao comportamento da criança, além de prejudicar no desenvolvimento saudável. “O grande problema de bater numa criança com o intuito de educá-la é que assim os pais estão ensinando a seus filhos ao menos três coisas que estão erradas. A primeira é de que a violência educa, e assim seria legítima forma de proceder com as pessoas vida adentro, sobretudo as mais fracas. O segundo é que se pode resolver os problemas por meio da força física, que esse é o meio. Deste modo, o último ensinamento é de que no mundo vale mesmo a lei do mais forte, quem pode mais chora menos. Assim a criança aprende que justiça e razão não são importantes, o que importa é saber se ela é mais forte ou mais fraca que o outro. Esse é um efeito nefasto que traz danos sociais importantes e que vão para muito além do desenvolvimento individual”, comenta Ronaldo.

Além do castigo físico, quando os gritos são utilizados na conduta da família, podem surgir também problemas emocionais causando insegurança e ausência de autonomia. “Uma criança com medo, cresce insegura. E dessa insegurançapode vir um efeito cascata que pode cursar com dificuldade de aprendizado, diminuição da atenção, dificuldade em estabelecer amizades e relacionamentos, baixa autoestima e todas as consequências advindas dela”, completa a pediatra.

Educação é sinônimo de amor e carinho

Apesar de parecer clichê, a gente sabe que a tarefa de educar um filhonão é fácil, mas com amor e paciência a família pode explorar a personalidade e entender melhor a maneira que a criança tenta expressar as próprias emoções. Vale lembrar que nem sempre a desobediência é uma “vilã”, mas sim uma maneira de colocar para fora aquilo que está sentindo.

Ao começar a conversa com o seu filho, é superimportante ser objetivo e se atentar a linguagem: “Qualquer conversa com uma criança deve ser o mais clara possível atentando-se ao vocabulário que ela tem e o quanto ela pode acompanhar o raciocínio em relação ao nível de abstração que ele demanda, trazendo sempre exemplos concretos da vida da própria criança para ela melhor entender”, explica o psicólogo.

Dicas para passar (bem!) por esta fase

Para desenvolver um ambiente saudável, ouvir e tentar entender o que a criança está passando é o primeiro passo. Se ela apresentar dificuldades em expressar o que está sentindo por meio da fala, tente incentivar com atividadescomo, por exemplo, desenhos, mímicas, entre outros.

Em vez de castigar de maneira negativa, outra opção é valorizar as condutas positivas, ensinando que os bons comportamentos valem ouro. Por isso, na hora de maior tensão, tente se afastar e pensar na situação antes de tomar qualquer decisão precipitada, permitindo que o momento de raiva ou insatisfação se transforme em um grande processo de aprendizagem e fortalecimento de vínculos.

“Coloque-se a altura da criança, estabeleça contato olho no olho, abrace. Diga que você entende a sua frustração. E, principalmente, mantenha as expectativas baixas ao fazer isso: um bom comportamento infantil continuará sendo um comportamento infantil – ela ainda precisará da sua orientação e paciência, como qualquer ser em desenvolvimento. Se nessa primeira vez ele não agiu exatamente como você queria, lembre-se: é uma construção”, conclui Francielle Tosatti.

Agressão contra menores é crime!

A Lei nº 8.069, do Estatuto da Criança e do Adolescente, defende que a criança e o adolescente tenham o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto.

Segundo um estudo da Academia Americana de Pediatria (AAP), quando aplicadas a crianças como medida educativa, agressões e violência podem trazer efeitos negativos no futuro. De acordo com os estudiosos, o uso de palmadas ou de qualquer outra forma de violência física, mais de duas vezes por mês até os 3 anos, torna crianças mais agressivas aos 5 anos. Em uma projeção maior, foi constatado que aos 9 anos esta mesma criança apresentaria mais comportamentos negativos.

Em outra pesquisa, a Academia afirmou que ao bater, xingar ou até mesmo gritar com a criança, os hormônios do estresse se elevam e podem alterar a forma do cérebro. Com uma visão positivista, Robert D. Sege, um dos autores da nova política, disse que cada vez menos pais estão utilizando as palmadas como medida educativa, se comparado com o passado.

Denuncie

O Brasil tem uma lei que define punições para agressores de crianças desde 2014. A Lei nº 13.010/2014, conhecida como Lei da Palmada, proíbe o uso de castigos físicos ou tratamentos cruéis contra menores de idade. Para que ela realmente funcione, é preciso que seja colocada em prática!

Caso você presencie agressões contra menores, é preciso recorrer ao Conselho Tutelar mais próximo, para fazer a denúncia. Qualquer responsável por cuidar da criança pode ser submetido a acusação e quando  isso acontece, a família é advertida, sendo diretamente encaminhada para atendimento social e psicológico.

Em relação a violência física comprovada, os responsáveis podem responder na Justiça e até perder a guarda dos filhos.

Confira tudo o que rolou no 14º Seminário Internacional Pais&Filhos


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