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Mãe do Tenente Gonçalves conta como o filho está após noiva falecer de AVC na porta da igreja

Jéssica estava grávida seis meses - Reprodução/Instagram @tenente_bahia17
Reprodução/Instagram @tenente_bahia17

Publicado em 19/09/2019, às 08h11 - Atualizado em 01/11/2019, às 05h37 por Nathalia Lopes, Filha de Márcia e Toninho


Jéssica estava grávida seis meses (Foto: Reprodução/Instagram @tenente_bahia17)

“Está sendo muito difícil filha, muito difícil mesmo. Mas a gente tem a Sophia e ele está sendo forte por ela”, disse Maria, mãe do Tenente Gonçalves, ao atender o telefone do filho nesta manhã de quinta-feira, 19 de setembro. 

Após conversar com os amigos do tenente, entramos em contato com Flávio Gonçalves para saber como a família está se recuperando após o triste acontecimento do último sábado, 14 de setembro. Ele acabou perdendo a noiva minutos antes do casamento acontecer: Jéssica sofreu um AVCe foi levada para uma maternidade no centro de São Paulo. 

Ela estava grávida de uma menina, Sophia, que veio ao mundo depois de uma cesárea de emergência. O telefone ficou chamando por muito tempo até que alguém atendesse e foi a voz de uma mulher quem nos respondeu. A pessoa que estava do outro lado da linha era a mãe do Tenente, dona Maria Gonçalves. Ela atendeu ao telefone porque o filho estava dormindo. 

O tenente perdeu a noiva minutos antes do casamento (Foto: Reprodução/Instagram @tenente_bahia17)

Maria disse para a Pais&Filhos que apesar do dia anterior ter sido marcado por grandes conquistas, foi muito duro e cansativo. Na última quarta-feira, 18 de setembro, o hospital que está cuidando de Sophia, a Pro Matre Paulista, emitiu uma nota e se prontificou a doar todo o tratamentoda menina. Flávio não vai mais precisar pagar pela internação da filha. Ela ainda nos contou que o tenente passou a noite em claro com dificuldades para dormir e, como uma mãe preocupada, Maria acompanhou a dor do filho. 

A mãe de Gonçalves contou que o filho tem passado por momentos bem complicados e que está sendo muito duro lidar com a morte da noiva e com o processo do tratamento de Sophia. A bebê nasceu quando Jéssica estava em coma, mas ela ainda não tinha completado 7 meses de gestação. 

A família estava muito ansiosa pela chegada de Sophia (Foto: Reprodução/Instagram @tenente_bahia17)

“Jéssica batalhou e deu a vida pela nossa filha”

Em entrevista exclusiva, Flávio contou como conheceu a noiva e relembrou a descoberta da gestação. “Eu conheci a Jéssica no colégio, a gente estudou na mesma escola. Sempre gostei dela, mas ela não dava bola para mim. Então a vida seguiu e a gente se reencontrou na rua, trocamos contato para marcar um cinema, mas ela voltou a namorar”.

“Depois de um tempo a gente se encontrou de novo, começamos aquele relacionamento e assim passaram 7 anos juntos. 7 anos de muita alegria e harmonia. Mas este ano foi um divisor de águas. Além de eu ter uma boa fase na carreira, decidimos nos casar ainda este ano”.

“A gente queria marcar o casamento para o dia 15 de novembro, Proclamação da República. Começamos a nos organizar. Fizemos os preparativos e tudo mais. Foi quando veio a notícia de que a Jéssica estava grávida e precisamos adiantar as coisas”. O tenente explica que a gravidez não estava nos planos do casal, mas que a família se emocionou muito com a notícia.

“Foi uma grande emoção. Ela tinha um irmão mais velho, que também tem uma filha (nossa afilhada), mas Jéssica era a caçula da família e ainda morava com os pais. Tinha todo um xodó em cima dela”.

Chegando o dia do casamento, ele queria surpreender a noiva. “Ela estava superfeliz. E eu queria fazer uma surpresa. Queria chegar na igreja em um caminhão de bombeiros. Sou policial, mas já fui bombeiro por anos. Cheguei na igreja e comecei a ficar preocupado, todo mundo falando que ela não estava legal. Foi então que a prima dela me chamou e contou que ela estava desmaiada”.

“Aí começou o desespero, eu já estava entrando com a mãe dela e saí correndo até o carro que a gente tinha alugado. Começamos com os primeiros atendimentos, checando o batimento cardíaco e a respiração. Ela ainda estava consciente. Estava de olhos fechados, mas falava comigo”.

Jéssica dizia: “Amor, eu tô aqui, eu tô aqui. Mas tá doendo muito. Tá doendo a nuca e a barriga“. Flávio disse que a noiva parecia muito pálida e fraca. “Foi um momento difícil”. Ele acionou os amigos bombeiros e o socorro se deslocou para igreja.

“Eu pedi para chegar na igreja em um carro de bombeiro, mas eu saí de lá em um. Indo para o hospital”, desabafou emocionado. Antes de chegar na maternidade Pro Matre, eles passaram em um hospital que não tinha estruturas para cuidar do caso.

“Começou outro sofrimento, era um entra e sai de médicos. Até que me disseram que o útero e o fígado estavam sangrando e era preciso retirar o útero. Foi tudo muito rápido. Depois eles voltaram e disseram que a cirurgia tinha sido um sucesso, mas que a Jéssica estava sem atividade cerebral”.

Sophia está internada no Pro Matre (Foto: Arquivo Pessoal)

“Ela foi uma mãe-heroína, o tempo todo batalhou e deu a vida pela Sophia. A Sophia que é um ser de luz. A Jéssica era um ser de luz, com todas as qualidades do mundo. São nessas horas que a gente vê como é essencial ter o apoio da família e dos amigos”.

O depoimento da amiga 

A Pais&Filhos também conversou com uma amiga do casal, a tenente Laura, que estudou com o “Gonça”, como é conhecido, por três anos na academia do Barro Branco da Polícia Militar de São Paulo. Ela era uma das guarda de honra de Jéssica e estava na igreja quando tudo aconteceu.

Em entrevista exclusiva à Pais&Filhos, ela começa dizendo que estavam do lado de fora para receber a noiva com aquela famosa cena de arcos de espada. “Estava esperando ela sair da limusine pra entrarmos na igreja, éramos sua guarda de honra, cerca de 16 oficiais da turma do 1º Ten PM Gonçalves, e ela não saía”.

Era assim que o Jéssica que estava sendo esperado (Foto: Arquivo Pessoal)

Depois explica que viu a correria das primas de Jéssica, que perceberam que algo não estava certo e foram chamar o noivo. “Vi uma de suas primas subir aparentando desespero e ir até o noivo. Aí ele passou apressado por nós e eu o segui”.

Foi Laura quem chamou o resgate quando percebeu que Jéssica realmente não estava bem. “Fiz a ligação pro SAMU quando a vi passando mal. O Resgate do Corpo de Bombeiros chegou primeiro juntamente de uma USA, que é uma viatura composta por um médico”.

Foram eles que fizeram o primeiro atendimento e que até então, acreditavam ser apenas uma crise de estresse e ansiedade. “Até então achávamos que ela havia passado mal pela emoção e pelo estresse. Jamais imaginávamos o que iria acontecer”.

Por mais que o tenente possa estar cansado e fragilizado, Laura nos garantiu que o amigo e Sophia estão bem. “Ele tem uma força sobrenatural e a Sophia é a sustentação dele. Ela está estável e se recuperará perfeitamente”, encerra.

Jéssica estava esperando por Sophia (Foto: Reprodução/Facebook Sgt Alecsandro)

Pré-eclâmpsia na gravidez é grave, mas rara

Jéssica Victor Guedes tinha 30 anos e 29 semanas de gravidez. Após passar mal e ser socorrida às presas, ela foi levada ao hospital e transferida para a maternidade Pro Matre, em São Paulo. Mas quando chegou lá, Jéssica já estava desacordada, pois sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC), que levou à sua morte. Ela teve um AVC hemorrágico em decorrência de uma eclâmpsia. Os médicos conseguirem fazer uma cesárea de emergência e salvaram a bebê, Sophia.

A pré-eclâmpsia está entre as principais causas da mortalidade materna, e vem crescendo no Brasil, apesar dos avanços da medicina. O índice de mortalidade no Brasil está em 64,5 óbitos maternos para cada 100 mil nascidos vivos – um número bem acima da meta da Organização das Nações Unidas (ONU), de 30 óbitos para cada 100 mil bebês.

A pré-eclâmpsia pode aparecer tanto na gestação quanto no pós-parto, caracterizada por um aumento da pressão arterial, associado a alguma disfunção de órgãos (fígado, rim, cérebro), presença de proteína na urina e convulsão.

Quando esse diagnóstico é feito, mãe e bebê ficam em risco. Os possíveis desdobramentos são:

  • Hemorragia cerebral
  • Hemorragia generalizada
  • Descolamento de placenta
  • Parto prematuro
(Foto: Getty Images)

A causa exata ainda é desconhecida, mas especialistas apontam que seja multifatorial. O que já se sabe é que ocorre uma reação imunológica na gravidez, sendo que na pré-eclâmpsia, o corpo da mãe passa a “estranhar” as células da placenta e do feto. É como se o bebê fosse visto como um ser invasor pelo organismo.

Os sintomas mais graves podem ser confundidos pela gestante com outros problemas mais corriqueiros: inchaço, dor de cabeça, dores no estômago e alterações de visão (que podem ser acompanhadas por crises de dor de cabeça). Se a grávida está fazendo um bom pré-natal, as alterações serão percebidas pelo médico, que vai checar a pressão, verificando o quadro de hipertensão e pedir um exame de urina para confirmar se há presença de proteína. Quando a doença é diagnosticada, o procedimento é a internação, para estabilização da saúde e adiantamento do nascimento do bebê.

Existem fatores de risco para pacientes terem a doença, como pré-eclâmpsia na gestação passada, IMC (índice de massa corporal) maior que 25, hipertensão crônica, gestação múltipla, lúpus, diabetes prévio à gestação e histórico familiar de pré-eclâmpsia.

Em casos gravíssimos de pré-eclâmpsia ou eclâmpsia existe o risco de rompimento do fígado e acidente vascular cerebral (AVC). Quando a pré-eclâmpsia grave evolui para a eclâmpsia a mulher tem convulsões e pode até entrar em coma. Um dos sinais de que a pré-eclâmpsia pode virar eclâmpsia é exatamente quando ela enxerga pontinhos luminosos, a tal luz brilhante. Isso significa que o sistema nervoso central, que controla tudo o que acontece  no corpo, está irritado. Alerta máximo: as convulsões estão chegando.

O que acontece com a mãe

  •  Descolamento de placenta
  • Insuficiência renal
  • Rompimento do fígado
  • Hemorragia cerebral

O que acontece com o bebê

  • Diminuição do líquido amniótico e parto prematuro
  • Retardo de crescimento intrauterino
  • Sofrimento e morte fetal

Como prevenir

Mulheres que têm casos da doença na família devem tomar cuidado redobrado e começar a se tratar antes mesmo da gravidez. Isso inclui ficar de olho na dieta e, se preciso, controlar a pressão com medicamentos anti-hipertensivos. O aumento do cálcio na dieta também é recomendável. Os exames devem estar em dia e podem ajudar a detectar a possibilidade de pré-eclâmpsia antes mesmo que ela apareça. Exames de sangue, urina e o exame de fundo de olho irão dizer se está tudo ok com a mulher. Depois de engravidar, exames que medem o fluxo sanguíneo entre mãe e bebê vão garantir que a criança está recebendo os nutrientes necessários para crescer. Os exames previstos no pré-natal são importantes para fazer o controle da vitalidade fetal.

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