Publicado em 11/04/2022, às 14h51 - Atualizado em 18/05/2022, às 16h47 por Helena Leite, filha de Luciana e Paulo
26 crianças precisaram ser encaminhadas a um hospital em Recife na última sexta-feira, 8 de abril. As crianças foram socorridas por estarem com sintomas como falta de ar, tremor e crise de choro, típicos de uma crise de ansiedade. Depois do ocorrido, familiares das crianças e a própria gestora da escola já se pronunciaram.
Tudo aconteceu na Escola Estadual de Referência em Ensino Médio Ageu Magalhães, no bairro de Casa Amarela, na Zona Norte do Recife. Nesse dia, os 514 alunos da unidade de ensino foram liberados por causa do ocorrido. Nesta segunda-feira, 11 de abril, as aulas já voltaram ao normal no local, mas algumas crianças não apareceram na escola.
O caso acendeu mais uma vez um alerta sobre a importância de olharmos para a saúde mental das crianças e adolescentes. Principalmente no período em que estamos vivendo, de uma retomada à realidade após a pandemia, é essencial manter um olhar mais próximo do seu filho, para se atentar a qualquer sintoma relacionado à ansiedade. Para te ajudar com essa missão, entrevistamos uma psicóloga que explicou melhor sobre os sinais de ansiedade nas crianças e o que fazer após diagnosticá-los.
Quando o momento de tensão se torna excessivo, contínuo e traz outros sintomas na bagagem, há indicativos de que algo não vai bem na rotina da criança. “Um exemplo é a queda do rendimento escolar, mudanças nos hábitos alimentares, quando há queixas de enxaqueca e também dores que não tem uma causa física”, explica a psicóloga Dra. Ana Gabriela Andriani, mestre e doutora pela Unicamp, filha de Claudilene e Delfino. Além disso, é importante ficar de olho também em:
O primeiro passo para tranquilizar a criança durante uma crise de ansiedade é manter a calma, pois desta maneira, naturalmente seu filho passa a ficar menos nervoso ou inseguro. A Dra. Ana Gabriela Andriani recomenda ainda que os pais não julguem ou briguem, mas sim que procurem entender o que aconteceu.
“É muito importante os pais mostrarem que estão presentes e prontos para ajudar e tentar entender o que a criança está sentindo. No geral, as crianças não sabem identificar os sentimentos, mas quando a família auxilia na compreensão, elas se acalmam”, comenta a especialista.
É essencial ainda mostrar para a criança que a crise de ansiedade vai passar. Mas, é recomendado que os pais procurem a ajuda de um psicólogo se o problema passar a acontecer com cada vez mais frequência e começar a atrapalhar a rotina da criança.
Apesar de existirem vários tipos diferentes de ansiedade, a psicóloga listou os mais frequentes. São eles:
Questões de saúde mental não ocorrem devido a situações triviais, como um menino estar deprimido porque ele tem que limpar seu quarto. Em muitos casos, as causas de depressão, ansiedade e outros problemas são uma combinação de diferentes fatores, como saúde física, traumatismo da vida, meio ambiente e até mesmo história familiar e genética.
O caso das 26 crianças com crise de ansiedade ao mesmo tempo aconteceu em Recife, mas poderia ter acontecido em outros estados, como no caso de São Paulo. Um estudo recente chegou à conclusão que 7 em cada 10 estudantes da rede pública estadual de SP apresentaram sintomas de ansiedade e depressão durante a pandemia de Covid-19. Os dados foram resultado de um levantamento feito pela Seduc (Secretaria da Educação do Estado de São Paulo) em parceria com o Instituto Ayrton Senna.
Para chegar no resultado, o estudo contou com 642 mil alunos que participaram do Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo). A pesquisa tornou possível analisar a evolução do desenvolvimento de competências socioemocionais durante a pandemia.
Dentre os alunos que participaram da pesquisa, um em cada três afirmou que sentiu dificuldades em se concentrar no que é proposto na sala de aula. Outros 18% disseram se sentir totalmente esgotados e sob pressão e 18,1% disseram que perderam totalmente o sono pelas preocupações. Já 13,6% alegaram que perderam a confiança em si mesmo. Sinais que são ligados à ansiedade e depressão.
Vale ressaltar que as competências socioemocionais são organizadas em cinco macrocompetências: abertura ao novo, autogestão, engajamento com os outros, amabilidade e resiliência emocional.
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