Criança

Confiança é tudo: saiba como ensinar seu filho a resolver os próprios conflitos

Antes de tudo, é preciso que os pais entendam que os filhos não são seres independentes deles: eles carecem de orientação e atenção para se tornarem crianças com autonomia no futuro - Shutterstock
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Publicado em 18/05/2022, às 08h49 - Atualizado em 06/06/2022, às 09h11 por Cecilia Malavolta, filha de Iêda e Afonso


O sonho de muitos os pais é que as crianças se desenvolvam de maneira saudável e tenham autonomia, independência e resolvam os próprios problemas desde sempre sem que os pais tenham a necessidade de interferir o tempo todo. Apesar de ser algo muito almejado, a verdade é que para que os filhos cheguem nesse patamar, é preciso muito trabalho duro – o que inclui várias derrapadas também.

Quando falamos sobre ensinar nossos filhos a se responsabilizar pelos próprios atos, de cara pensamos em uma criança independente. Mas, para que isso aconteça, precisamos voltar uma casa no tabuleiro e lembrar que, na verdade, seres humanos no início da vida são extremamente dependentes de seus responsáveis para tudo. “Educar é um processo de longo prazo, um exercício de amor e prática diária que exige muito mais dos pais do que da própria criança. Eles precisam de disposição, sensibilidade, empatia e muita paciência”, explica Fernanda Teles, educadora parental, psicóloga e mãe de Liz, Théo e Mel.

Não existe receita para isso. Tentativa e erro fazem parte da caminhada, então é importante estar conectado com a criança. O senso de responsabilidade é uma habilidade que será desenvolvida a longo prazo e que precisa ser estimulada pelos pais desde cedo com pequenas ações, tudo de acordo com a idade e maturidade dela. Um bom exemplo de como fazer isso é colocando seu filho do seu lado quando você for arrumar o armário dele, por exemplo. Dessa maneira, ele se sente parte do processo e fica mais interessado pelas coisas pequenas que constituem o dia a dia. É assim que ele ganha a tão desejada autonomia.

Antes de tudo, é preciso que os pais entendam que os filhos não são seres independentes deles: eles carecem de orientação e atenção para se tornarem crianças com autonomia no futuro
Antes de tudo, é preciso que os pais entendam que os filhos não são seres independentes deles: eles carecem de orientação e atenção para se tornarem crianças com autonomia no futuro (Foto: Shutterstock)

Autonomia x independência

Habilidades completamente diferentes, é preciso aprender a distinguir as duas durante o processo de educação – e, principalmente, entender que independente é algo que a criança não será. “Existe uma grande diferença entre fazer algo com a criança e pela criança. Muitas vezes, não precisamos que ela resolva os problemas sozinha. Isso pode fazer com que o filho se desconecte de seus pais, acredite que não pode contar com eles e não se sinta segura naquele ambiente familiar”, acrescenta Fernanda.

É por isso que ajudar a criança a desenvolver a autoestima dela faz toda a diferença para que ela, aos poucos, ganhe autonomia e consiga lidar com suas próprias questões – seja na hora de organizar os brinquedos usados ao longo do dia, seja para resolver um pequeno conflito que surgiu entre um amigo durante uma brincadeira. E, antes que haja autoestima, é preciso que o filho confie nos próprios pais e saiba que pode contar com eles, independente da situação.

“Primeiro, os pais devem criar  um espaço e vínculo seguros para que que a criança tenha vontade, iniciativa e coragem para resolver suas questões sozinhas, desenvolvendo sempre essa noção de autonomia. Existem muitos estudos mostrando que a responsabilidade é desenvolvida e nutrida quando a gente trabalha a autoestima”.

Essa capacidade de escolher o que é melhor para si, quando desenvolvida de maneira saudável, faz com que a criança caminhe sempre na direção da resolução de problemas de um modo mais leve e prático do que uma pessoa que não teve a autoestima nutrida desde a infância. A partir do momento que seu filho possui essas ferramentas, ele vai conseguir resolver pequenos problemas com mais autonomia. Ou seja: diante de uma situação com algum amigo, ele vai conseguir (tudo dentro da idade e nível de maturidade) acolher aquela outra criança ao invés de bater no colega que pegou o brinquedo preferido da mão dele.

As crianças conseguem resolver os próprios problemas quando desenvolvem confiança em si mesmas e sabem que, diante de uma situação difícil, vão conseguir lidar da melhor maneira possível
As crianças conseguem resolver os próprios problemas quando desenvolvem confiança em si mesmas e sabem que, diante de uma situação difícil, vão conseguir lidar da melhor maneira possível (Foto: Getty Images)

“Conseguimos criar filhos responsáveis pelos próprios atos quando conseguimos ajudar a criança a respeitar a si mesma e outras pessoas, ter empatia, resiliência, autodisciplina e a desenvolver uma forma positiva de se comunicar. Quando uma pessoa é confiante, ela acredita que será capaz de lidar com situações difíceis e que, com resiliência e esforço, vai conseguir chegar em um resultado positivo”, diz a educadora parental. Uma coisa leva a outra: com confiança para encarar problemas e desafios, a criança começa a ter atitudes cada vez mais conscientes. “Ela naturalmente assume mais responsabilidades e é mais responsável pelos próprios atos. Sem medo de fracassar ou de ser censurada”.

Por mais que a parentalidade pareça um videogame com diversas fases, cada uma exigindo ainda mais habilidades para conseguir atingir objetivos, não existe um manual que mostre como conseguir criar um filho com autonomia, autoconfiança e autoestima. As situações nem sempre serão fáceis e, muitas vezes, vão exigir um enorme esforço para entender que precisamos respeitar o tempo da criança – e não fazer tudo no ritmo dos pais.

Quando é necessário intervir?

Na teoria, é lindo imaginar um filho que consegue tomar decisões saudáveis desde muito cedo e, por isso, quase não entra em conflito com os colegas por questões que podem parecer bobas para os adultos, como a disputa por um brinquedo. Mas, na prática, as coisas mudam de cara. Em diversos momentos, você precisará, sim, intervir para conseguir orientar e mostrar qual é o melhor caminho a seguir. Já falamos isso, mas é sempre bom relembrar: crianças são seres dependentes. Exigir independência delas pode causar vários problemas no futuro.

Diante de uma situação delicada, como ver um colega do seu filho batendo nele (ou o contrário), os pais precisam entrar no meio para orientar. É o papel deles. Mas como fazer isso de maneira saudável? “Isso precisa acontecer de forma responsável, consciente, positiva e respeitosa. Não adianta intervir e mandar seu filho pedir desculpas, ‘senão você vai ficar de castigo’, porque é uma intervenção extremamente autoritária. Você não está ensinando absolutamente nada. Ao mesmo tempo, existem momentos em que não intervir é negligenciar”. Como encontrar o equilíbrio?

A intervenção que acontece com o objetivo de reorientar o comportamento da criança, ensinando uma nova habilidade, mas sem tomar partido ou passar a mão na cabeça dela é a melhor forma. Se a criança estiver muito nervosa, é necessário ajudá-la a se acalmar e se conectar com aquele sentimento dando um nome para ele, tentando entender o motivo do seu filho estar sentindo aquilo e o que o levou a bater  em um amigo, por exemplo. É somente depois que você se conecta com a criança que é seguro partir para o processo de correção positiva.

É preciso intervir de maneira responsável, sem que os pais tentem resolver o problema da criança por ela
É preciso intervir de maneira responsável, sem que os pais tentem resolver o problema da criança por ela (Foto: Getty Images)

O papel dos pais e a importância do exemplo

Vanessa Abdo, doutora em psicologia e CEO do Mamis na Madrugada, mãe de Laura e Rafael, relembra que os filhos, embora venham ao mundo como seres completamente diferentes dos pais, também são o reflexo dos adultos que os educam. “Se pararmos para pensar, tem muito a ver com aquilo que as crianças aprendem. Como eu mesma me responsabilizo pelas consequências das coisas que eu faço?”.

Se queremos que nossos filhos comam vegetais, precisamos dar o exemplo e consumir esse tipo de alimento para que eles se sintam estimulados. Esse exemplo é extremamente simples, mas mostra como crianças aprendem muito observando os atos dos pais. Não é à toa que, em diversas ocasiões, percebemos detalhes dos comportamentos dos filhos que se assemelham muito ao dos adultos que os criam.

“Precisamos sempre dar a oportunidade para a criança tentar consertar algum erro que ela tenha cometido. Se a gente é muito duro, punitivo e pega muito pesado em situações em que a criança erre, ela pode começar a esconder por medo”. De forma prática, caso seu filho quebre algo, explique o que aquele item da casa significava. Se ele pode ser arrumado, inclua a criança no processo ou, se precisa ser trocado, mostre o valor financeiro dela e como conseguir uma nova peça. Isso faz com que ela entenda que erros podem ser, sim, corrigidos.

É a partir do medo da punição por causa de um erro que a criança mente e deixa de assumir a responsabilidade pelos próprios atos. “Nós, adultos, precisamos ser agentes facilitadores. Quando a verdade for dita, ela será incentivada e mostrará para a criança que ela tem espaço para resolver aquilo”. Para que tudo isso seja possível, os pais precisam mostrar para os filhos que eles são um lugar seguro. Independente da situação, os responsáveis pela criação daquele ser humano devem ser uma rede de apoio para que a criança tenha ferramentas e se desenvolva em sua maior potência. Assim, teremos cada vez mais filhos conscientes dos próprios atos e confiantes de que podem tomar escolhas por si, desatando os nós que aparecem no caminho de forma segura.


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