Publicado em 29/04/2019, às 16h01 por Dr. Igor Padovesi
Anos atrás, quando trabalhava como plantonista em uma das principais maternidades particulares de São Paulo, atendi um caso que me marcou. Ao assumir o plantão naquele dia, meus colegas me deram uma missão: “Igor, você que gosta desse negócio de parto normal, vá ver esse caso da paciente que está há quase dois dias internada e não aceitam nada, já arrumaram encrenca com todos”.
Era um casal que queria o parto com a equipe plantonista – e aí já estava o primeiro problema, pois geralmente a paciente tem o seu médico e equipe, que vão atendê-la, têm autonomia nas condutas e já têm o vínculo do pré-natal.
O segundo era que eles já tinham entrado em atrito com os plantonistas e eram vistos como “radicais” – vieram munidos de um plano de parto que previa tudo natural e não aceitavam nenhuma intervenção.
O terceiro contratempo era que, de fato, ela não estava em trabalho de parto e não deveria ter sido internada. Era uma situação atípica: ela tinha 5cm de dilatação, mas estava estagnada nesse ponto e só tinha contrações fracas e irregulares. Ao chegar ao pronto-atendimento, o obstetra não ficou seguro de liberá-la com essa dilatação, e a internou. Uma vez internada e com 5 cm, nenhum médico lhe daria alta.
Porém, o trabalho de parto havia estagnado e era necessário fazer algo pra que a coisa evoluísse. Como o casal não aceitava nada “artificial”, estava posto o impasse. Vários plantonistas já haviam tentado convencê-los, mas sem sucesso. Aceitei o desafio e fui, com as habilidades de comunicação e relacionamento interpessoal que sempre estudei por conta própria.
A primeira reação à minha chegada foi de fato um pouco hostil. Consegui, aos poucos, quebrar o gelo e ganhar a confiança, e de forma acolhedora mostrei que compreendia as preferências deles, mas expliquei que era uma situação incomum e tínhamos que resolver.
Depois de muita conversa, orientei os caminhos possíveis: romper a bolsa ou administrar ocitocina. Eles conversaram entre si e decidiram pela primeira opção. Fiz de forma tranquila e, ao esvaziar o líquido amniótico, imediatamente as contrações já aumentaram e tudo voltou a progredir.
Duas horas depois ela já estava com dilatação total e assim o parto aconteceu, naturalmente, da forma como eles haviam planejado. Após dois dias fui visitá-los no quarto e, ao me verem, abriram sorrisos e me agradeceram imensamente.
Dessa história destaco duas lições: as intervenções podem não ser desejadas, mas podem acabar sendo necessárias – e o radicalismo nunca é bem-vindo. E a segunda, para nós médicos, é que a forma de se comunicar pode fazer toda a diferença. Eu não fiz nada diferente dos meus colegas anteriores, mas provavelmente a forma de abordá-los foi o fator que fez toda a diferença!
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